domingo, 26 de agosto de 2018

Abertura de cartas 9 de ago. de 18 – autocomplete weird.... {e antes que agosto acabe, analisemos novamente este "jogo"}

1- [centro da questão] – O Cinco de Paus
2- [o que cruza o x da questão] – O Ás de Copas
3- [cabeça, questões racionais] – A Temperança
4- [pés, questão emocional] – O Ás de Espadas {jumping into conclusions: cabeça e pés estão trocados! “metendo os pés pelas mãos!”]
5- [passado] – A Morte – Hades e os recomeços
6- [futuro] – O Pajem de Paus
7- [presente] – O Pajem de Copas
8- [ambiente – o que tudo o que está em volta te diz?] – A Força
9- [esperanças & temores] – O Oito de Paus
10- [fechamento da questão] – O Três de Copas

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Agora, na iminência de iniciar a leitura, olhando para “O Cinco de Paus”, me lembrei que andei lendo sobre o 4 de paus, que um dia avistei numa carta dentro de um pequeno 'bowl', na casa de um homem que recém tinha conhecido. A carta, na verdade, era um cartão de visitas, mas não me lembro do outro lado... só me lembro que este lado era o de uma carta tradicional de 4 de paus.

Embora isso tenha me intrigado por vários meses, embora esta carta, inclusive, tenha surgido em jogos por aí, só recentemente, depois de muito ler sobre ela, comecei a ter algum juízo a respeito de seu significado de recompensa/reinício. É uma carta que fala sobre ter vencido a/s primeira/s etapa/s de conquistas, sobre ser um momento a ser celebrado, porém, não esquecer: é apenas o início, e ainda há muito trabalho a ser feito, muitos obstáculos a serem vencidos, portanto, não se abata; tome fôlego e continue a navegar.

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1- [centro da questão] – O Cinco de Paus

A carta Cinco de Paus retrata a luta de Jasão com o dragão que vigia o Velocino de Ouro. Enorme e coberto de escamas, o dragão sopra fogo de sua boca enquanto, com suas garras, ele segura o Velocino. Jasão o enfrenta com duas tochas flamejantes. Ao seu lado, está a feiticeira Medeia, filha do rei Aetes da Cólquida, que por ele se apaixonou e o ajuda nessa empreitada. Ela é linda com seu cabelo preto, trajando um vestido vermelho e segurando três tochas flamejantes.

O Cinco de Paus representa a luta. Aqui, a visão criativa colidiu com a realidade do mundo na forma do dragão que, na Mitologia, é a força primitiva da terra que resiste à mudança. 0 problema em aplicar limites na vida prática - assim como as nossas próprias limitações da inércia regressiva - é o maior desafio para qualquer indivíduo que deseja expressar o poder de sua imaginação criativa na vida real.

Essa luta com o dragão pode assumir a forma de problemas financeiros ou o problema de habilidades insuficientes (quando o indivíduo precisa estudar ou treinar mais para dominar uma profissão), ou a dificuldade de um corpo fraco (pelo cansaço ou por doença, causado pelo excesso de esforço enquanto esteve impacientemente preso à visão), ou o dilema de ajustar a visão ao mercado prevalecente (que inevitavelmente é conservador demais, cauteloso ou desvalorizado); essa carta simboliza dificuldades em nível concreto. Muitas vezes essas dificuldades concretas coincidem e são causadas pelo medo do insucesso e por uma profunda apatia que, em si mesmos, também fazem parte da imagem do dragão. Mas o dragão deve ser enfrentado, do contrário Jasão não poderá levar o Velocino, e os obstáculos que surgem durante o trabalho criativo - interno ou externo - não podem ser evitados. Inevitavelmente, a imaginação colidirá com a resistência da realidade e, de alguma forma, as duas deverão acomodar-se.

No sentido divinatório, o Cinco de Paus prevê um período de luta durante o qual o indivíduo deve enfrentar o dragão da realidade material para alcançar a sua meta. Assuntos cotidianos podem começar a dar errado e é preciso prestar mais atenção às exigências e aos limites da realidade concreta; o indivíduo também pode ficar preso a um humor depressivo ou apático. Comprometimentos devem ser assumidos, mantendo ao mesmo tempo a integridade da visão original.

→ No tarô de Marselha:

A Carta 5 de Paus diz sobre algo que você está desprendendo muito esforço e atenção, mas não dará certo.

Ela surge como um aviso em meio a um período tempestuoso te alertando que provavelmente seja melhor você trocar de caminhos para alcançar os objetivos. Você se sentirá facilmente deslocado e as opiniões alheias te balançarão e irritarão muito. Coisas pequenas e sem grande importância gerarão desavenças e discussões.

A luta não será somente externa, mas interna também, você estará em um momento de grandes dúvidas. Todo seu esforço não traz frutos e você não sabe mais que direção seguir. O futuro será imprevisível. É o momento de lutar. Lutar contra os pensamentos e impulsos ruins, lutar para ignorar atitudes alheias e se concentrar em seus propósitos.

O Cinco de Paus dá um sinal de que você está remando o barco de sua vida de forma errada. Pior do que lutar com problemas externos é você se convencer de que você é o errado. O autoconhecimento para tomada de decisões será necessário para você poder encontrar as atitudes certas em momentos propícios. O jogo de Tarot poderá te auxiliar muito nessa fase com informações mais claras e precisas.

A imagem da carta simboliza uma disputa, isso significa que nesse momento você será muito importunado e atritos surgirão continuamente.

O Lado Negativo da Carta 5 de Paus
O 5 de Paus no Tarot quando se apresenta como sombra quer lhe dizer que você desprende forças excessivas para a realização de algo. É melhor agir com cautela nesse momento incerto e conturbado para não piorar sua situação.

Entenda a Carta 5 de Paus no Amor
No amor essa carta também não é favorável. Ela avisa que discussões irão surgir, e será necessário a reflexão para sair delas. Procure evitar atritos e desentendimentos. Você ficará facilmente zangado ou chateado com as situações, mas procure entender o lado da outra pessoa. Nesse momento é muito importante a análise antes das atitudes.

Nem sempre você estará certo, é preciso entender isso e abandonar o orgulho. Há muito mais a se perder alimentando uma discussão, do que se dando por vencida e refletindo depois sobre os fatores que a envolve.

Se está solteiro, mude suas atitudes para enxergar a realidade, talvez você esteja esperando por algo que não é seu, quando na verdade o amor está bem próximo.

Entenda a Carta 5 de Paus no Trabalho
O Cinco de Paus indica que no trabalho o momento não será favorável. Poderão surgir desentendimentos com superiores, por isso procure não retrucar muito e concentre em suas tarefas. Você ficará facilmente irritado com atitudes alheias, e terá dificuldade em entender as questões dos colegas. Faça o possível para não discutir.

Se está desempregado, este é o momento para refletir em seu posicionamento e no que está buscando em sua vida. Pense bem antes de qualquer atitude.

Apesar das mensagens negativas, essa carta surge como um alerta, um aviso para você se precaver. O 5 de Paus é um empurrão para que você se mantenha em pé diante dos problemas, também para lembrar que é tudo uma fase e poderá passar de forma natural, se você se focar no que realmente é necessário. Aceite que para alguns planos alcançarem os resultados que você almeja será necessário mudar o curso, mesmo que você já tenha o percorrido com muita luta. Voltar ao ponto inicial e procurar por outras possibilidades pode ser a chave de seu sucesso.


2- [o que cruza o x da questão] – O Ás de Copas

O NAIPE DE COPAS

As Cartas Numeradas

Na realidade, a lenda de Eros e Psique é o desenvolvimento e o amadurecimento dos sentimentos, e a capacidade do relacionamento com outra pessoa.

De certa forma é uma jornada, uma viagem, mas diferente da grande jornada do Louco pelos Arcanos Maiores, pois se trata de uma aventura específica que diz respeito ao tema central do coração humano.

Psique (em grego, a palavra significa "alma") era uma princesa de grande beleza e de quem a própria deusa Afrodite tinha ciúmes. Ela ordenou ao seu filho Eros, o deus do amor, que castigasse a audaciosa mortal. Logo depois, um oráculo mandou que o pai de Psique, ameaçado de terrível calamidade, levasse a filha a um rochedo solitário na qual ela se tornaria vítima de um monstro. Mas, quando Eros viu a jovem que deveria ser sacrificada, ficou tão surpreso com a sua beleza que levou um tombo e acabou picando-se com uma de suas flechas - aquelas que usava com tanta eficiência para incutir amor tanto em mortais quanto em deuses. E, assim, Eros apaixonou-se por quem sua mãe lhe ordenara destruir.

Tremendo, mas resignada, Psique aguardava em seu rochedo solitário a realização do oráculo quando, de repente, ela percebeu que estava sendo levada gentilmente pelos ventos a um magnífico palácio. Ao cair da noite, quando Psique quase dormia, um ser misterioso apareceu na escuridão dizendo-lhe ser o marido ao qual era destinada. Ela não podia lhe ver as feições, mas a sua voz era gentil e suas palavras eram cheias de ternura. O casamento foi devidamente realizado, mas ao alvorecer, antes de retirar-se, o estranho fez com que Psique prometesse nunca tentar ver o seu rosto.

Psique não era infeliz com a sua nova vida e nada lhe faltava, com exceção da deliciosa presença do marido que somente a visitava durante a noite. A sua felicidade teria continuado dessa maneira não fosse por suas duas invejosas irmãs, que plantaram a semente da suspeita em seu coração, dizendo que o marido devia ser um monstro horrível já que lhe escondia o rosto. Tanto insistiram que uma noite, apesar de sua promessa, Psique levantou-se da cama que compartilhava com seu marido e acendeu uma lanterna iluminando o rosto misterioso. Em vez de um monstro terrível, ela contemplou o mais lindo jovem do mundo - o próprio Eros. Ao pé da cama, estavam a sua aljava e as suas flechas. Chocada, Psique virou-se em direção à cama, mas caiu e feriu-se com uma das flechas, apaixonando-se profundamente pelo jovem deus que ela, anteriormente, havia aceitado porque ele a amava. Ao cair, ela despertou Eros, que a repreendeu por sua falta de fé e imediatamente desapareceu. O palácio também desaparecera e a pobre Psique encontrou-se novamente no rochedo solitário no seio de um apavorante isolamento.

No início, ela considerou suicidar-se e se jogou em um rio que estava próximo, mas as águas levaram-na delicadamente para a margem oposta. Dali em diante, ela passou a vaguear pelo mundo à procura do amor perdido, perseguida pela ira de Afrodite e forçada pela deusa a submeter-se a uma série de terríveis provações.

Entretanto, ela conseguiu superar todas as provas, assistida pelas criaturas da Natureza - as formigas, os pássaros, os caniços. Ela teve de descer ao Submundo, cujo acesso era proibido a qualquer ser humano. Finalmente, sensibilizado com o arrependimento de sua esposa, que nunca deixara de amar e de proteger, Eros implorou a permissão de Zeus para que Psique se reunisse a ele. Afrodite esqueceu o seu rancor e as segundas núpcias dos dois amantes foram celebradas com grande alegria.

O Ás de Copas

A carta Ás de Copas retrata uma linda mulher de cabelos pretos que emerge de um mar espumante. Ela segura uma única e grande taça dourada. Nesta carta, encontramos a deusa iniciadora que é a força ativa responsável pela lenda romântica de Eros e Psique: trata-se de Afrodite, que nasceu das águas espumantes, a deusa do amor em seus mais nobres e também mais degradantes aspectos.

Na Mitologia, o nascimento de Afrodite foi muito estranho. Quando, pela insistência de sua mãe Gaia, o astuto Cronos castrara o seu divino pai Urano, ele jogou os seus genitais ao mar. Eles flutuaram na superfície das águas produzindo uma espuma branca da qual surgiu Afrodite. Transportada pela respiração de Zéfiro, o Vento do Oeste, a deusa foi levada para as margens de Citera (Grécia) e finalmente parou nas praias de Chipre. Ela foi recebida pelas Horas, as deusas das estações, que a vestiram ricamente, enfeitaram-na com joias e a conduziram para a assembleia dos imortais.

Afrodite era uma deusa complexa. Essência da beleza feminina, tudo nela era puro charme e harmonia. Mas também podia ser ciumenta, maliciosa, vaidosa, enganadora, traiçoeira, preguiçosa e vingadora. Ela espalhou por toda a natureza a alegria de viver, embora também fosse a divindade temerosa que enchia os corações humanos com o frenesi da paixão. As vítimas escolhidas por Afrodite sofriam, pois chegavam a trair os seus próprios pais, a abandonar os seus lares ou eram acometidas por paixões animalescas ou incestuosas. Ao mesmo tempo, Afrodite protegia as uniões legítimas e presidia a santidade do casamento.

Em suma, Afrodite é a imagem da força da Natureza. O significado dos Ases nos quatro naipes dos Arcanos Menores é a erupção inicial da energia vital, e a deusa de cabelos pretos que emerge do mar segurando a taça dourada representa o surgimento do sentimento primordial. Esse é o impulso para o relacionamento e, se não estivermos prontos, então a outra pessoa não aparecerá. Na lenda, Eros
e Psique nunca teriam se encontrado se não fosse por Afrodite, pois foi o seu capricho que promoveu a ação da história. Portanto, o As de Copas implica o início da grande jornada pelo domínio do coração, no qual a abundância de sentimentos irrompe e impulsiona o indivíduo ao relacionamento.

No sentido divinatório, o Ás de Copas anuncia uma disseminação de sentimento que, apesar de não ter sido evidenciado, surge como primitivo, vital e, muitas vezes, avassalador. No início de um relacionamento, o potencial está implícito, embora nem sempre seja manifestado. E o indivíduo está pronto para embarcar na jornada do amor.

No tarô de Marselha:

A carta Ás de Copas no Tarot revela uma forte energia de alegria, amor, prosperidade e abundância que poderão contagiar aqueles que viraram a carta e também os que convivem com o consulente.
Uma taça única e grande ocupando a imagem do Ás de Copas demonstra a abundância e a possibilidade de regozijo pela conquista de algo e a realização dos sonhos planejados.

A resolução de todos os problemas com força vital, energia, ímpeto e equilíbrio trazem proteção para os objetivos, plenitude e estratégia nas diretrizes que se deseja traçar e o estabelecimento da alegria pessoal.

A carta sugere diversos aspectos positivos e aconselha sobre a busca da felicidade e a harmonia que deve ser prioridade para atingir o equilíbrio. É importante ressaltar que um cálice é demonstrado de forma grande para apontar a abundância e o equilíbrio.

Fortes amizades, boas relações e sociedades também são expressões desse arcano 1 de Copas do Tarot. Os envolvimentos que se iniciarem nessa fase serão cheias de bons sentimentos e conexões.

O Lado Negativo da Carta Ás de Copas
Como aspecto negativo este arcano fala sobre desengano, tristeza e até a possibilidade de uma situação de falsidade ocorrendo na vida do consulente. Vale a pena abrir os olhos e não se deixar enganar por situações que pareçam de confiança mas que podem ser ilusões.

Entenda o Ás de Copas no Amor
No Tarot o Ás de Copas é um prenúncio para o amor em diversos aspectos. Demonstra que o sentimento existente pode se fortalecer e trará cada vez mais alegria e plenitude. Além disso, para aqueles que estão em busca da pessoa ideal esse é o momento propício para manter os olhos abertos. A pessoa esperada poderá em breve cruzar o seu caminho, permita viver essa felicidade em sua vida, não reprima seus sentimentos.

O 1 de Copas fala sobre um mundo de libido pleno de fantasias íntimas, paixões intensas e fortes relações. A água, que é o elemento da carta, demonstra as emoções contidas nesse cálice que apresentam-se repletas e demonstram a plenitude do amor. Aproveite para realizar desejos e se divertir com o seu parceiro.

Entenda o Ás de Copas no Trabalho
No mundo do trabalho este arcano demonstra que as pessoas que prendiam e impossibilitavam o seu crescimento não serão páreos para a sua energia. Aproveite para colocar as boas ideias em prática e demonstrar todo o seu potencial. Você não precisa se sentir aprisionado pois o Universo está abrindo as portas para novas possibilidades.

Caso você esteja em busca de um novo desafio (desempregado ou procurando encontrar um novo emprego) existem grandes chances de que isso ocorra o mais rápido que você imagina.

O arcano Ás de Copas do Tarot tem aspectos positivos e demonstra o equilíbrio e abundância provenientes da água e chegando em sua vida. É o momento certo para fortalecer relações, novos inícios e plenitude. Não se esqueça de praticar também a gratidão sempre, para manter para toda a vida essa boa energia!


3- [cabeça, questões racionais] – A Temperança

A carta da Temperança retrata uma linda e jovem mulher de cabelos pretos, trajando túnicas com as cores do arco-íris, e asas com cores de várias tonalidades. Ela está com um dos pés dentro de um rio, límpido e o outro sobre a terra seca. Ao longo das margens do rio crescem lírios vermelhos. Atrás dela, um arco-íris estende-se pelo céu. Em suas mãos ela segura dois cálices, um de ouro e outro de prata, e despeja água de um para o outro.

Aqui encontramos íris, a deusa do arco-íris e mensageira de Hera, rainha dos deuses. íris era a contraparte feminina de Hermes, o emissário de Zeus, e era amada tanto pelos deuses quanto pelos mortais por causa de sua natureza bondosa e afetuosa. Se Hera ou Zeus quisesse transmitir uma mensagem aos homens, íris voava ligeiramente para a Terra, onde assumia feições humanas ou aparecia em sua forma divina. Ela fendia o ar tão rápido quanto o próprio vento Zéfiro, que era o seu consorte. Outras vezes ela deslizava pelo arco-íris que fazia ponte entre o Céu e a Terra. Ela transpunha as águas com a mesma facilidade e, até o Submundo abria-se para ela quando, a pedido de Zeus, ali se dirigia para reabastecer o seu cálice com água do rio Estige, da qual os imortais se serviam para se proteger dos feitiços malignos. Quando os deuses voltavam de suas jornadas para o Olimpo, íris desatrelava os cavalos de suas carruagens e servia néctar e ambrósia aos viajantes.

íris não somente entregava as mensagens de Hera, mas também executava as suas vinganças, apesar de, mais frequentemente, oferecer ajuda e assistência. Ela preparava o banho de Hera, ajudava-a com a sua toalete e, dia e noite, permanecia ao pé do trono de sua patroa. Em uma versão da Mitologia, foi íris e não Afrodite que deu à luz Eros, o deus do amor.

No sentido interior, íris, deusa do arco-íris, é uma imagem da segunda das qualidades ou faculdades que o Louco deve aprender para formar uma individualidade estável: um coração equilibrado.

Enquanto Atena, que incorpora a Justiça, é justa e objetiva, íris, que incorpora a Temperança, é boa e misericordiosa, e a sua compaixão não é enjoativa nem sentimental. íris está ligada à função do sentimento, que é diferente do que chamamos de emoção, pois esta é a reação visceral de uma situação, enquanto o sentimento é uma ativa e inteligente faculdade de escolha. A função do sentimento é ser ponte em constante mudança entre os opostos, um atencioso sentido das necessidades de uma situação particular visando à harmonia e ao relacionamento como meta final. E assim, íris despeja água incessantemente de um cálice para o outro, porque o sentimento deve fluir de modo constante e ser renovado de acordo com os requisitos de cada momento. Se os preceitos éticos de Atena são necessariamente estáticos e universais, o objetivo da harmonia de íris exige um perpétuo ajuste fluido de sentimento, algumas vezes positivo e outras vezes negativo. Dessa forma, ela pode oferecer uma atenciosa assistência ou executar a vingança de Hera. Mas derradeiramente ela serve aos propósitos femininos em vez dos masculinos, e qualquer que seja a resposta mutante do fluxo - até mesmo raiva e conflito, a meta é sempre a cooperação, a harmonia e um relacionamento melhor.

Geralmente não pensamos em sentimento como uma função inteligente, como ocorre com o pensamento racional. No entanto, as duas cartas, a Justiça e a Temperança, são consideradas tanto opostas quanto complementares. Atena e íris são duas imagens contraditórias, uma servindo o Pai de cuja cabeça nascera; a outra, a Mãe; uma sustentando a verdade abstraía mesmo à custa do coração individual, a outra protegendo o coração individual mesmo à custa da verdade abstrata. Apesar de essas duas deusas não serem inimigas na Mitologia - pois íris não tinha inimigos, no entanto elas podem ser inimigas dentro de nós, pois muitas vezes oferecerão diferentes soluções para um mesmo problema. Em que se baseia a nossa decisão: no pensamento racional ou nos ditames do que os nossos sentimentos indicam ser o caminho apropriado para a preservação do relacionamento? A presença dessas duas figuras em sequência nos Arcanos Maiores sugere que o Louco, representando cada um de nós, deve integrar ambas. Por isso, tendo aprendido por meio de Atena a pensar claramente, o Louco encontra íris, a deusa do arco-íris, e deve aprender a delicada avaliação do sentimento que é tão diferente da primitiva emoção reativa ou do sentimentalismo hipócrita.

Mas até íris, a deusa do arco-íris, pode ser ambivalente. A constante mudança de sentimento para preservar o relacionamento pode produzir a estagnação, porque nada além do sentimento pode fazer com que seja impossível respirar. Nada pode ser falado a respeito, nenhuma diferença discutida, nenhum conflito que possa levar ao crescimento, porque a harmonia é tudo. Esse estado não permite espaço para a separação porque ela ameaça a solidão, e íris, amiga tanto dos deuses como dos mortais, podendo funcionar em todos os níveis da vida, deverá sempre servir alguém com devoção e não pode existir em seu próprio direito. Portanto, a Temperança sem a Justiça torna-se água estagnada, na qual nenhuma mudança é permitida ocorrer e a mente sufoca de mero tédio.

No sentido divinatório, quando aparece a Temperança na abertua de cartas, ela implica a necessidade de um fluxo de sentimento no relacionamento. íris, a guardiã do arco-íris, sugere o potencial para a harmonia e a cooperação, resultando em um bom relacionamento ou em um casamento feliz. Somos desafiados com o problema de aprender a desenvolver um coração equilibrado e, ao mesmo tempo, sermos gentilmente lembrados de que o Louco não pode permanecer para sempre até mesmo com a linda íris, e deve passar adiante para a Lição Moral seguinte.

No tarô de Marselha:

Uma mulher com rosto feminino e traços masculinos derrama água de um vaso para o outro. As polaridades reveladas na carta A Temperança do Tarot mostram a renovação da vida, alquimia, flexibilidade e equilíbrio.

A Temperança traz a conexão com o mundo espiritual, principalmente com os anjos que são mensageiros divinos que transitam entre os mundos dos vivos e dos seres superiores. A água que flui de um vaso para o outro é o símbolo do fluxo da vida e do movimento que vive a espiritualidade do homem.

Razão, emoção, espírito… Os três elementos ponderados e equilibrados em uma pirâmide revelam o que você deverá alcançar nos próximos tempos de sua vida.

A possibilidade alquímica e a transformação da água refletem a capacidade de transmutação que todos possuímos dentro de nós e nos indica como poderemos utilizar essa energia para mudarmos. As palavras principais que definem essa carta são: transmutação, trégua, temporalidade e transformação.

Os quatro pilares que coordenam a forma que lidamos com as nossas vidas são: material, sentimental, mental e espiritual. A carta A Temperança no Tarot demonstra os pontos em que esses elementos são afetados pela energia da carta.

Para o futuro o arcano A Temperança demonstra a necessidade de prestar a atenção para não cair em desordem e em desequilíbrio. É importante não ser passivo e não se submeter aos percursos e aspirações que podem se basear em areia e não em concreto.

O futuro pede para que o exercício da paciência, aceitação, flexibilidade e felicidade sejam exercidos com cuidado. Ao mesmo tempo a conciliação e a moderação são fundamentais para o equilíbrio com o outro.

O Lado Negativo da Carta A Temperança
Você é uma pessoa muito maleável e os outros conseguem te persuadir facilmente. Costuma dar ouvidos e atenção a todos somente para agradá-los. Tome frente as suas decisões, exponha seu ponto de vista quando necessário, não viva a sombra dos outros nem seja tão facilmente influenciado. Quanto mais você viver baseado em percepções de outras pessoas, mais você irá perder a sua identidade e se magoar.

{{{{estou lendo sobre a carta Temperança no livro do Jung. Ao longo da leitura tive vários insights sobre morte e vida e divindade (vale dizer já que a carta da Morte está logo à frente desta abertura de cartas, na posição do Passado. E vale relembrar também que me confundiu, antecipadamente, a Temperança na carta de cabeça, e o Ás de Espadas (Atena) na carta de pé – parece trocado o racional com o emocional – isso poderia significar que me emociono de modo muito controlado, e acabo por deixar tanta reflexão me paralisar e me impedir de lidar com os fatos quando eles se apresentam? – a Temperança fala sobre 3 virtudes cardeais: Moderação, Fortaleza e Prudência (vale dizer, outra vez no mesmo tom, que a carta da Força está logo adiante, na posição do Ambiente).

Ao longo desta leitura sobre a Temperança, diversas vezes me vi confrontando a questão do Divino, e deus, em si. Achei curioso e controverso, por exemplo, como escrevi Divino com maiúscula e deus com minúscula. E também usei os adjetivos no feminino. A Temperança para mim é essa confusão de símbolos e significados, que eu, de algum modo, antecipei nos meus exercícios prévios de desenho e escrita. Por exemplo, há alguns meses eu iniciei uma série de desenhos dípticos, absolutamente sem pensar nisso, e a primeira dupla que pintei foi “O oposto do AMOR é o MEDO”, e pintei com as palavras em caixa alta, grandes, e pintadas em cores opostas, azul e vermelho, exatamente como opostos são exaltados nesta carta do tarô de Marselha, inclusive nessas cores. Antes de ler sobre esta carta, chamei a série de desenhos em lápis e aquarela, já bastante adiantados, de “Dípticos Incongruentes”. A Temperança fala disso, sobre o medo ser o oposto paralisante do amor, e também sobre a dualidade de tudo o que fazemos na vida.

Outra coisa que costumo dizer bastante, e não sei bem de onde vem, é sobre a energia espiral. Sempre digo que se você está num bom astral, uma espécie de espiral te puxa para cima e os eventos positivos vão se encadeando. E o contrário também acontece do mesmo modo; se você entra numa onda negativa, tudo começa a dar errado e ficar ruim e você se sente sendo sugado num redemoinho água abaixo. É desesperador – vem daí os ataques de pânico, talvez? Eu sempre associei ao pânico extremo o afogamento, a falta de ar. E só agora me ocorreu que todos morremos sem ar. Antes disso, porém, quando estamos num espiral negativo e violento desses sugando para baixo, é muito importante lembrar que podemos perfeitamente nadar contra a maré. Na maioria das vezes dá certo e saímos vivos. É importante encontrar aquele “turning point” e mudar a direção do curso.}}}}}

A carta de cabeça fala sobre equilíbrio, comunicação e capacidade de manter as coisas acontecendo.


4- [pés, questão emocional] – O Ás de Espadas {jumping into conclusions: cabeça e pés estão trocados! “metendo os pés pelas mãos!”]

A carta do Ás de Espadas retrata uma linda mulher em armadura completa e elmo de batalha. Ela assume uma postura ameaçadora e segura uma espada de gume duplo. Atrás dela, um cenário de picos nevados e um céu cinzento carregado de nuvens.

No As de Espadas, encontramos novamente Atena, a deusa da justiça, com a qual nos deparamos na carta da Justiça dos Arcanos Maiores. Apesar de não ter sido a iniciadora da maldição da Casa de Atreu, assim mesmo é ela quem a soluciona quando Crestes a ela se dirige em seu desespero. A espada de Atena é de gume duplo, pois o poder de corte da mente, com a sua especial capacidade humana de formular ideias e convicções que estimulam as ações e as consequências dessas ações, pode gerar um terrível sofrimento e, ao mesmo tempo, soluções novas e sublimes. Por conseguinte, a espada de Atena corta dos dois lados, pois a apaixonada e até rígida aderência a um princípio é quem dá início ao conflito da lenda; e é o surgimento de um novo e mais viável princípio que resolve e acaba com ele.

Tal como o Ás de Copas e o Ás de Paus, o Ás de Espadas anuncia o surgimento de energia primordial e, aqui, ela é a erupção inicial de uma nova visão do mundo. Mas essa nova percepção ameaça imediatamente a antiga ordem e, dessa forma, o Ás de Espadas, apesar de sua energia ser poderosa e potencialmente criativa, assinala o início de um grande conflito. Muitas vezes, o despertar dos poderes mentais significa um inevitável embate com as crenças que, anteriormente, fizeram parte de nossas vidas.

Uma nova visão das coisas não é tão simples quanto parece, pois nós, seres humanos, somos famosos por provocar guerras e sermos indulgentes com os terríveis atos de selvageria em nome de um novo princípio. É só olhar para a Revolução Francesa de 1789 e para a Revolução Russa de 1917 para entender a força de uma nova ideia, e a frequência com a qual ela provoca um grande conflito antes de ser integrada na vida. Até em um nível mais pessoal, a nova energia primordial da mente que desperta à vida geralmente precipita argumentos, debates e disputas, pois devemos experimentar tudo o que é novo e fazer valer a nossa autonomia mental antes de qualquer possível diálogo ou comprometimento.

Portanto, o Ás de Espadas é realmente a carta de duplo gume: o arauto de uma tremenda energia nova pronta para ser transformada em vida, mas também a advertência do advento de um conflito.

No sentido divinatório, o Ás de Espadas sugere que, de um conflito, alguma nova opinião criativa possa surgir. Os poderes mentais estão despertando e isso significa mudança em nossa vida; a antiga ordem é ameaçada e conflitos certamente surgirão. Finalmente, uma solução será possível, mas existe a inevitabilidade de colisão e de disputa antes de essa paz ser visível

- E novamente eu te pergunto: na rota de colisão, quem é você, o que sai da frente ou o que se impõe no caminho?

No tarô de Marselha:

O que você guarda precisa fluir e exteriorizar, essa é a mensagem que a carta Ás de Espadas no Tarot quer lhe passar.

De elemento ar, geralmente as cartas com este naipe trazem uma mensagem de perdas, mas o Ás de Espadas é uma carta positiva. Ela diz que você tem em sua mente tudo que é necessário para alcançar o sucesso, você só precisa colocar isso para fora. Lhe falta motivação e coragem, mas você precisa agir.

Não guarde nada que te pesa, se desprenda do que é problema, pois isso virará solução se extravasado. Se você não sabe ao certo o que tem que solucionar, com certeza está com aquela sensação ruim de algo te prendendo, saiba que logo mais você conseguirá ver o caminho e quando isso acontecer, será necessário a determinação para colocar em prática.

No Tarot o 1 de Espadas diz que será crucial para o sucesso que você acredite em sua capacidade, seu poder de intuição e sua sabedoria, o tempo que você levará para localizar o foco do problema e solucioná-lo será fundamental para o triunfo em sua jornada, por isso não existe.

Uma boa forma de não errar é sendo lógico, desligue um pouco as emoções, não as deixe te dominar e te impedir de lutar, veja a situação com clareza e frieza necessária para manter os pés no chão. Seja honesto com seu projeto, com as pessoas e com você mesmo, assim os erros não te seguirão.

O Lado Negativo do Ás de Espadas no Tarot
Essa carta quando apresentada em forma de obstáculo tem o significado totalmente contrário, ela diz que não lhe falta coragem de agir, que você está totalmente lógico e focado, tanto que excede os limites. Você está virando uma pessoa obcecada com o resultado e não tem a delicadeza e limites necessários para agir.

Entenda o Ás de Espadas no Amor
A carta Ás de Espadas do Tarot, pede que seja racional, pense de forma lógica e não deixe que seu coração dite todas as regras. Essa carta simboliza a conquista, que pode ser ela de qualquer coisa referente ao relacionamento, ou seja: se você deseja um divórcio, provavelmente o conseguirá, se está apaixonado por alguém, pode conquistá-lo. Cuidado com a falta de sensibilidade para não machucar o parceiro.

Entenda o Ás de Espadas no Trabalho
No trabalho o Ás de Espadas representa o sucesso através de um árduo trabalho. Será um momento de conquistas alcançadas depois de muito empenho. Desfrute desse momento, tudo que conseguir é devido a sua capacidade, foi porque você lutou por isso, é sua conquista e você a merece. Mesmo que novos desafios surjam você saberá se defender e seguir em frente, pois você tem valor pelo o que você faz e tudo que plantar, colherá.

O Arcano Menor Ás de Espadas lhe traz boas notícias. Ele quer te fortalecer em suas decisões e mostra que você é capaz de tirar as pedras do seu caminho, basta ter atitude que não te permitirá cair em nenhuma armadilha. Portanto utilize a lógica para buscar soluções, tenha coragem e fé, esse não será seu único desafio na vida, e para que tudo dê certo só precisa acreditar em você mesmo.

As cartas de Paus indicam o fogo, a paixão e motivação, já as de Espadas dão um alerta sobre momentos difíceis que precisarão de discernimento e calma.

{{{{{enquanto eu lia sobre a carta da Temperança, nos escritos de Jung, não pude deixar de pensar na morte, em si, e também na carta, A Morte, toda hora mencionada porque antecede a Temperança e arma com ela, no tarô de Marselha, uma espécie de dança. Mesmo com o Ás de Espadas (Atena, a razão) entre elas, percebo as cartas interligadas. Minha dificuldade em aceitar a morte e minha (repentina) descrença da continuação da vida num mesmo ser, ou numa mesma alma... essa busca infinita pelas palavras; e entre elas encontro como se fosse um farol em alto mar: “existe sentido no sofrimento”.

Na carta d’A Temperança, atesta-se que “O Sol é o alquimista da Natureza”. É a Temperança quem introduz o discurso fluído entre os reinos celeste e terrestre; entre o EU e o EGO.

A fileira do meio no mapa da jornada fala sobre o MOVIMENTO. – O Enforcado, na verdade, está dançando.

O motivo da dança é importante no tarô. A dança é uma forma de arte, em que corpo e alma interagem de modo individual e expressivo [talvez seja por isso que, quando estamos super estimulados com álcool e outras drogas, o corpo queira “dançar sozinho”. Talvez exista nessa hora uma aproximação brutal do corpo e alma, nem sempre tão comum e perceptível assim.]

Seja como for, segundo Jung, a Temperança é a dança entre a vida e a morte. Entre o mundano e o divino.}}}}}

E agora, como se nada houvera, vamos falar sobre a morte.

E como não posso me conter dos pensamentos fúteis, fui buscar na galeria de imagens a carta d'A Morte. Estava certa de que tinha. Não tenho. Vou buscar. Mais uma vez, vou buscar A Morte.


5- [passado] – A Morte – Hades e os recomeços {a morte é invisível e sempre repentina}

{haha, preciso comentar, agora, dias depois de ter escrito sobre as cartas, estou inserindo a imagem das cartas e não pude deixar de pensar sobre 'estar buscando a morte, enquanto procurava a carta...}

A carta da Morte retrata uma figura envolta em uma túnica preta e seu rosto escondido por um elmo escuro. Suas mãos estão abertas para receber os presentes oferecidos pelos pequenos humanos que se ajoelham diante dela. Um deles lhe oferece uma coroa dourada e outro, uma pilha de moedas. O terceiro, uma criança, oferece-lhe uma flor. Atrás dessa figura sombria, flui um rio escuro. Do lado mais próximo do rio, a terra é seca e árida. Do outro lado, a terra verdejante é gradativamente iluminada pelo Sol que está apenas surgindo no horizonte.

Aqui encontramos Hades, o deus sombrio e senhor do Submundo, com o qual nos deparamos na carta da Imperatriz como o raptor de Perséfone, filha de Deméter. Na Mitologia, Hades era conhecido como o Invisível. Ele também era chamado de Plutão, que significa "riqueza", porque o seu reino era repleto de riquezas escondidas. Hades, filho dos Titãs Cronos e Réa, foi salvo por seu irmão Zeus quando Cronos engolira os seus filhos. Zeus então concedeu a Hades o domínio do Submundo como parte da herança. Sobre esse mundo, o deus sombrio governava como dominador absoluto. Quando emergia para o mundo da luz, o seu elmo o tornava invisível para que nenhum mortal o visse. Os rituais da morte exigiam que uma moeda de ouro fosse colocada na boca do morto, pois sem essa oferta a Hades a alma seria condenada a vagar eternamente às margens do rio Estige, à beira do reino do Submundo.

Apesar de ser-lhe conferido menos status do que ao seu irmão Zeus, ele tinha um poder maior, porque a sua lei era irrevogável. Uma vez que uma alma entrava no domínio de Hades, nenhum deus, nem sequer o rei dos deuses, poderia resgatá-la. Apesar de alguns heróis, como Orfeu e Teseu, entrarem ilicitamente no reino de Hades enganando o barqueiro Caronte e conseguindo passar por Cérbero, o cão que guarda a entrada, nenhum deles voltou para o mundo da luz da mesma forma. O poder irrevogável de Hades era tal que os deuses juravam seus votos solenes e suas maldições pelas águas do rio Estige, que era veneno puro e, ao mesmo tempo, conferia a imortalidade.

No sentido interior, Hades, o Senhor da Morte, é a figura permanente e final do ciclo da vida. Quando mudamos, uma nova atitude ou circunstâncias novas podem surgir, mas o caminho anterior está morto e nunca mais voltará à sua forma original. Portanto, Hades é o símbolo daquela finalidade que experimentamos em todos os encerramentos, assim como sua túnica preta é o símbolo do luto, necessário para o preparo do novo ciclo.

Na carta do Enforcado, deparamo-nos com a experiência da submis¬ão voluntária às leis ocultas da psique - a decisão de abandonar algo na esperança de que uma nova fase da vida possa emergir. Hades, o Senhor da Morte, representa aquele estado intermediário o qual somos levados a enfrentar com a total finalidade de nossa perda, antes do início de uma nova evolução.

A carta da Morte não simboliza necessariamente um final "negativo". A experiência do final irrevogável pode significar acontecimentos alegres como um casamento ou o nascimento de uma criança. Mas esses acontecimentos não somente têm a conotação de um novo início, como também podem significar a morte de um velho estilo de vida e essa perda deve ser reconhecida e lamentada. E é por isso que temos os modernos rituais como, por exemplo, a despedida de solteiros, que reconhece a perda de um estado civil.

Muitas vezes as mulheres (como também os homens) ficam terrivelmente deprimidas com o nascimento de uma criança, porque ainda não houve o reconhecimento de que uma fase da vida morreu e que algo novo nasceu. Assim, uma moeda deve ser paga a Hades, porque ele preside a todos os finais e aos novos começos, sendo que o final é tão importante quanto o começo, devendo ser reconhecido e sentido. Vamos para o Submundo totalmente nus, pois não podemos levar conosco os antigos padrões e atitudes que nos haviam proporcionado segurança.

Por conseguinte, a carta da Morte não é uma descrição da morte física, mas a inevitável mudança dos ciclos da vida que sempre envolvem uma finalização. Aos olhos de Hades, a vida pode ser considerada como uma sequência de mortes, começando com o abandono das águas reconfortantes do útero para a cruel realidade da separada existência física. Nunca mais viveremos no paraíso abençoado do corpo de nossa mãe. A infância deve morrer para que a adolescência e o desenvolvimento sexual se iniciem, e a juventude, por mais tempo que a prolonguemos com dietas, exercícios e cosméticos, finalmente morrerá para dar lugar à maturidade da meia-idade. Todo relacionamento, até o melhor, tem os seus ciclos de começo e fim, pois os nossos sentimentos mudam com o passar do tempo e à medida que cresce a nossa compreensão das outras pessoas. Com o casamento, deixamos para trás o nosso estado de solteiro, assim como deixamos a nossa juventude para trás com o nascimento de nossos filhos, o que nos lembra a nossa mortalidade. E assim, Hades, o Senhor da Morte, é o nosso companheiro invisível durante toda a vida e para quem devemos pagar o nosso tributo.

No sentido divinatório, a carta da Morte implica algo que deve chegar ao fim. Se essa experiência será penosa ou não, depende da capacidade da pessoa em aceitar e reconhecer a necessidade de encerramentos e finalizações. A carta da Morte prevê a oportunidade de uma nova vida, caso a velha possa ser abandonada. E, dessa maneira, o Louco avança no Submundo deixando para trás a sua vida anterior e preparando-se para um futuro ainda desconhecido.

No tarô de Marselha:

A Morte no Tarot é uma carta impactante e que assusta. Mas, nem sempre essa carta indica somente males. Ela não simboliza perder a vida e sim, uma transformação gigante. É colocar um fim definitivo a algo, sem nada que o prenda ao que passou. É aceitar que o seu passado não lhe serve mais de nada, é o aprender a se desprender.

No tarot A Morte é o Arcano Maior 13, e está ligada ao Renascimento. As pessoas que tiram essa carta, geralmente estão muito frágeis sentimentalmente, pois passam por um período de mágoas ou sofrimento. Isso tudo é fruto do desprendimento que será necessário para que o novo aconteça.
É o momento de se libertar de tudo que te prende ao passado. Por isso, essa carta é muito positiva, por ser um momento de trabalhar a auto confiança, te amadurece. Poderá haver dúvidas em que caminho seguir nesse momento, pois tudo acontecerá de repente, então sempre acredite em sua intuição.

Limpe sua alma das energias ruins e aproveite o fluxo de mudanças para viver o novo. Mas não se assuste nunca com a Carta de Tarot A Morte, pois ela colocará tudo em fluxo, te afastando dos momentos negativos se você estiver os vivenciando, e te tirando da monotonia.

É sempre estranho imaginar que a Morte significa vida, mas podemos entender quando pensamos que para o novo surgir, o velho tem que partir. Tente não interpretar a força da carta por conta do peso da palavra. Aceite as mudanças que esse novo ciclo te trará e tudo terá um fluxo muito mais fácil de lidar.

A imagem do esqueleto passando a foice sobre um campo de pessoas é bastante forte, mas seu significado nada mais é do que a passagem por tudo aquilo que te prendia, que te fazia mal. Às vezes estamos ligados a ideias ou pessoas e nunca percebemos que isso não faz bem à nós. A carta avisa que é hora de mudar, e que para isso as energias do Universo te ajudarão. Seu número 13 significa uma energia de superação.

O Lado Negativo da Carta A Morte
A Carta a Morte representa obstáculo quando você não aceita os desafios e mudanças que a vida gostaria de te proporcionar. Não tente se prender ao passado, veja o que o futuro tem a te oferecer.

Entenda a Carta A Morte no Amor
Essa carta poderá apresentar significados de favorecimento, ou desfavorecimento à relação em que você vive. Mas entenda que o que acontecer, era o necessário para no final trazer algo melhor em sua vida.

Favorecimento: pode ser o início de um novo ciclo, o renascimento do amor, da paixão. A renovação de tudo aquilo que os faz bem, ambos estarão em ascensão espiritual, uma nova fase cheia de positividade surgirá, ou também um novo e grande amor para quem está solteiro;

Desfavorecimento: indica a perda. Será um momento difícil e triste. Você passará um período sentimental bastante frágil. Mas nunca se esqueça que isso faz parte de uma evolução. Algum propósito ou motivo existia para que isso acontecesse, e no futuro você descobrirá.

Entenda a Carta A Morte no Trabalho
A Carta A Morte, no âmbito de trabalho significa que se você estava passando por um período problemático, essa situação será resolvida. Deverá haver um empenho seu para que novos caminhos apareçam, seja em sua carreira, ou na área financeira em geral. Ela indica o começo de uma nova etapa no meio profissional. Pode ser até mesmo a mudança de emprego ou o encontro de um novo para quem está desempregado. Confie mais em você mesmo!

Resumindo, A Morte no Tarot é como toda carta, sempre há maneiras diferentes de interpretá-la. O importante é entender o novo ciclo que surgirá e procurar extrair o melhor dele. Renasça mais uma vez, ganhe mais sabedoria e muita luz na sua vida.

{{{{A morte não me ronda. A morte me acompanha. – pensamento que tive enquanto estudava esta carta}}}}}


6- [futuro] – O Pajem de Paus

A carta do Pajem de Paus retrata um garoto de cerca de 12 anos, de cabelos castanhos e vestindo uma túnica laranja. Ele monta um carneiro de pele dourada que voa sobre rios e campos verdes e amarelos, segurando uma tocha flamejante. A sua frente, o Sol aparece espalhando a sua luz alaranjada sobre o cenário.

Na carta do Pajem de Paus, deparamo-nos com o elemento Fogo em seu mais delicado e frágil início - os primeiros movimentos da inspiração criativa que, geralmente, se manifesta com certa excitabilidade e desconforto com as condições existentes. O Pajem é encenado por Frixo, com o qual já nos deparamos na história de Jasão e o Velocino de Ouro. Ele realmente inicia essa história, apesar de não ser um dos heróis que dela participam nem tampouco o deus que a preside, mas é quem leva o Velocino de Ouro para o distante reino da Cólquida e longe do perigo.

Frixo era filho do rei Atamas que, por ordem de Zeus, se casara com a mulher fantasma chamada Néfíle, que lhe deu dois filhos: o menino Frixo e a menina Hele. Finalmente, a mulher fantasma desapareceu e Atamas casou-se com uma mortal, Ino, que tinha ciúmes tanto de sua antecessora quanto das crianças. Ino convenceu as mulheres locais a ressecar secretamente as sementes de trigo para prejudicar a safra do grão e espalhou o comentário de que o oráculo de Delfos exigia o sacrifício de Frixo a Zeus para neutralizar a "maldição". Sua intenção era eliminar Frixo para que um filho seu pudesse ser o herdeiro do trono.

Mas Zeus zangou-se com o fato de seu nome ler sido envolvido nessa tentativa de vingança e enviou o seu carneiro alado para salvar Frixo, que montou o animal e puxou a irmã atrás dele. O carneiro dirigiu-se para o leste, em direção à Cólquida. Infelizmente, Hele perdeu o seu ponto de apoio e caiu no mar. Mas Frixo conseguiu chegar à Cólquida, onde sacrificou o carneiro a Zeus. Assim, Frixo é considerado o mensageiro e o cenógrafo que prepara a ação antes de os conhecidos heróis entrarem no palco da história.

Frixo, o Pajem de Paus, é a imagem daquele frágil início da imaginação criativa que muitas vezes encontra dificuldades entre as pessoas mais realistas e nas exigências c responsabilidades do mundo material. O perigo no qual o garoto se encontra é característico do Pajem de Paus, pois essa figura, apesar de prometer um potencial futuro que ainda não emergiu, frequentemente se manifesta de início como uma irritabilidade e um nervosismo que provocam as pessoas e causam problemas na vida e no trabalho pessoal.

Mas Frixo é inocente e, portanto, Zeus o favorece concedendo-lhe um precioso presente. O Pajem de Paus marca o início do surgimento de uma nova ideia criativa, mas, como todos os Pajens dos Arcanos Menores, precisa de cuidados, proteção e orientação para que essa pequena chama não seja apagada pelo ciúme e pela inveja de outras pessoas ou pelo sentido de negatividade e de dúvida do próprio indivíduo. Zeus, rei dos deuses e incorporação do fogoso espírito criativo, é o único que enxerga o verdadeiro valor de Frixo e é preciso que tenhamos algum contato com esse princípio arquetípico dentro de nós mesmos antes de poder valorizar esse delicado início da expressão imaginativa.

Frixo abre a história, mas não participa dela e desaparece diante do esplendor e do poder do herói Jasão. Isso também reflete algo a respeito do Pajem de Paus. Muitas vezes as primeiras ideias refletidas por essa carta são infantis e não representam suas formas finais, que acabam resultando em um importante esforço criativo.

Frequentemente, o conceito inicial desaparece para ser substituído por algo melhor e mais sólido. Mas esse início permite que o processo seja ativado e, sem esses movimentos frágeis, nada seria desenvolvido na esfera das novas ideias criativas. Afinal, não é a personalidade de Frixo que nos chega pela Mitologia - ele é imaturo e jovem demais para realmente possuir uma personalidade -, mas é o seu papel de mensageiro e guardião inicial do Velocino de Ouro, que pertence a Zeus, o emblema do grande poder criativo do deus. Portanto, o Pajem de Paus pode não indicar um novo projeto ou ideia com sucesso garantido e a sua agitação pode ser facilmente descartada como "ingénua" ou "fantástica". Ele pode apontar para o poder da imaginação, avisando-nos que há muito mais no local do qual surgiu a primeira ideia.

No sentido divinatório, quando o Pajem de Paus aparece em uma abertura de cartas, ele anuncia que chegou o momento de o indivíduo descobrir esses impulsos de potencial criativo dentro dele mesmo. Muitas vezes podem se manifestar por um certo nervosismo no trabalho, um sentimento vago de insatisfação não suficientemente forte para motivar uma mudança c uma indicação de que temos a capacidade de expandir, de alguma forma, a própria vida.

As fantasias iniciais que acompanham essa agitação não têm o poder impulsionador do Ás de Paus e, no final, podem vir a ser impraticáveis ou impossíveis. Mas é importante que sejam consideradas seriamente, pois elas são os arautos de uma fonte mais forte de inspiração e precisam ser alimentadas e não rejeitadas, como se essa excitação fosse meramente "uma má fase" em vez do prenúncio de algo mais criativo.


7- [presente] – O Pajem de Copas

A carta do Pajem de Copas retrata um garoto de aproximadamente 12 anos, de cabelos pretos e trajando uma túnica lilás; ele está ajoelhado à beira de um lindo lago azul. No chão, uma taça dourada cujo conteúdo o garoto olha atentamente, pois está estudando o reflexo de seu próprio rosto e está maravilhado com sua beleza. Ao seu redor, tufos de botões de íris e narcisos ainda não desabrochados. No cenário, uma vegetação que esconde um céu azul.

As cartas da corte do naipe de Copas são representadas por figuras mitológicas que incorporam as características típicas do naipe. Na carta do Pajem de Copas, deparamo-nos com o mutável, vulnerável e sutil início do elemento ar: a emergência nascente da capacidade do sentir. Isso é encenado pela figura mitológica do lindo jovem Narciso. Ele era um tespiano, filho do deus-rio Cefiso e de uma ninfa. Qualquer um poderia se apaixonar por Narciso, mesmo como criança, e seu caminho estava repleto de pretendentes de ambos os sexos que se apaixonavam pela beleza do garoto. Mas sua mãe, advertida pelo adivinho Tirésias, nunca permitira que o garoto visse o seu próprio reflexo. Portanto, ele não tinha noção de sua própria identidade.

Um dia, passeando pela campina tespiana, Narciso chegou a um lago. Esse lago era alimentado por uma fonte de água cristalina e nunca fora perturbado por gado, pássaros, animais selvagens, homens e nem mesmo pelos galhos das árvores que o sombreavam. Procurando saciar a sua sede, ele se ajoelhou e viu o seu reflexo na água, pelo qual se apaixonou imediata e perdidamente. Primeiro ele procurou abraçar e beijar o lindo rapaz que o confrontava, mas logo ele se reconheceu e ficou se admirando naquele lago, hora após hora.

Finalmente, Narciso não conseguia mais suportar a agonia desse inatingível amor. Ele sacou a sua adaga e feriu o seu peito, exclamando: "Oh, jovem, amado em vão, adeus!", e expirou. O seu sangue ensopou a terra e dela brotou a flor branca que foi chamada narciso.

Narciso, o Pajem de Copas, inicialmente parece ser simplesmente a imagem de um fútil auto-amor. Mas também pode ser visto como uma imagem de autodescoberta, pois para amar outra pessoa é preciso antes o reconhecimento e o amor de si mesmo; do contrário, é um exercício triste e muitas vezes infrutífero procurar na outra pessoa o que o indivíduo ainda não encontrou em si. Esses relacionamentos são destinados ao fracasso, e o egoísmo aparente de Narciso, na realidade, é o início da descoberta do nosso próprio merecimento de sermos amados.

Frequentemente, esse é o início da genuína capacidade de amar outra pessoa individualmente, em vez de um potencial fornecedor de qualidades que precisamos para nos sentir completos. Assim Narciso, o Pajem de Copas, é uma figura ambígua. De um lado, como imagem de um sutil início nascente do sentimento da vida, ele sugere o nascimento de algo novo - a capacidade de amar ou a renovação da fé no amor que anteriormente poderia ter sido prejudicada ou traumatizada por um relacionamento infeliz. De outro lado, o sentido do auto-amor que Narciso incorpora é o início da cura, por mais fútil e infantil que ele pareça. Depois de uma penosa separação ou da perda de um ser amado, muitas pessoas passam um longo tempo em uma espécie de crepúsculo emocional, durante o qual elas têm o sentimento de não ter mais nada para dar aos outros. Nesse período, o indivíduo tampouco cuida de si mesmo. Mas os gentis e delicados movimentos dessa renovação da capacidade de amar muitas vezes assume a forma de um interesse lento e gradativo por si -no próprio corpo, no ambiente que o cerca, tentando agradar e alimentar a si mesmo com coisas que proporcionem prazer em vez de dor ou de lembranças da dor. Esse é um processo que deve ocorrer antes de o indivíduo estar pronto para arriscar outro encontro emocional.

O Pajem de Copas, tal como os outros pajens dos Arcanos Menores, sugere alguma coisa frágil e delicada, facilmente mal-interpretada e prejudicada. Assim também é o nosso sentido nascente do auto-amor, que pode levar a uma relação mais gratificante com a vida. Podemos facilmente chamar Narciso de fútil e egoísta por ele se preocupar unicamente consigo mesmo.

Mas ele precisa começar dessa maneira antes de poder enxergar qualquer outra pessoa e é interessante observar que, na Mitologia, é a sua mãe que tenta mantê-lo afastado do autoconhecimento e do auto-reconhecimento.

O triste final da história de Narciso também pode ser interpretado em vários níveis. De alguma forma, o Pajem de Copas e tudo o que representa deve ser transformado ou "morrer" - antes que o amor por outra pessoa possa desenvolver-se totalmente. Mas é necessário que esse seja um auto-sacrifício, um movimento genuíno da autopreocupação para a percepção das outras pessoas. Portanto, é próprio e correto que Narciso ponha um fim à sua própria existência, transformando-se no Cavaleiro de Copas, que permitirá ao sentimento da vida mover-se livremente para o exterior e para as outras pessoas.

Quando o Pajem de Copas aparece em uma abertura de cartas, ele sugere algo novo em nível de sentimento. Isso pode representar um novo relacionamento, uma nova qualidade de sentimento em um relacionamento e até o nascimento de uma criança. Muitas vezes, o Pajem de Copas prevê uma renovação da capacidade de amar, começando pelo amor por si mesmo, após um período de dor e de isolamento. Essa qualidade delicada deve ser logo alimentada, do contrário pode desaparecer rapidamente.


8- [ambiente – o que tudo o que está em volta te diz?] – A Força

A carta da Força retrata um homem musculoso e poderoso com cabelos castanhos encaracolados, vestindo apenas uma tanga vermelha. Ele está embrenhado em uma luta selvagem com um leão envolvendo seus fortes braços no pescoço do animal; no momento crítico ele está vencendo a luta. Rodeando os dois, as paredes rochosas de uma caverna escura. Pela entrada da caverna é possível ver um cenário árido de colinas marrons.

Aqui encontramos o grande guerreiro Heracles chamado Hercules pelo romanos, que na Mitologia era o herói invencível. Ele era o filho de Zeus, rei dos deuses, com uma mortal chamada Alcmena. A esposa de Zeus estava, como de costume, com ciúme da criança nascida do adultério do marido, dessa maneira o perseguiu com terríveis castigos. Ela fez com que ficasse louco e, em sua loucura, inadvertidamente assassinou a sua esposa e seus filhos. Héracles pediu aos deuses que lhe dessem alguma tarefa para expiar os seus crimes, e o oráculo de Delfos ordenou-lhe que se sujeitasse a 12 anos de trabalhos forçados a serviço do terrível rei Euristeus que Hera favorecia. E assim, o herói sujeitou-se voluntariamente a servir o favorito da deusa, que o perseguiu em reparação de um crime do qual ela era, definitivamente, a responsável.

O primeiro dos famosos Doze Trabalhos que o rei Euristeus exigiu de Héracles era a conquista do Leão da Neméia, um enorme animal cuja pele era à prova de ferro, bronze e pedra. Como o leão havia despovoado a vizinhança, Héracles não pôde encontrar ninguém que o dirigisse à sua toca. Finalmente, ele encontrou o animal lambuzado de sangue de sua última vítima. Héracles disparou uma série de flechas, que não conseguiam penetrar a sua grossa pele. Em seguida, usou a sua espada, que simplesmente acabou se dobrando; depois usou o seu bastão, que se despedaçou na cabeça do leão. Então Héracles cobriu uma das entradas da caverna em que o leão se escondia com uma rede e entrou na caverna pelo outro lado. O leão arrancou-lhe um dos dedos, mas Héracles conseguiu agarrá-lo pelo pescoço e o sufocou até a morte com suas próprias mãos. Ele então lhe cortou a pele com uma de suas e afiadas garras e passou a usá-la sempre como armadura e a cabeça como elmo, tornando-se tão invencível quanto o próprio leão.

No sentido interior, Héracles lutando com o Leão da Neméia é a imagem do problema em conter o poderoso e selvagem animal dentro de nós, preservando, ao mesmo tempo, as qualidades animais que são criativas e vitais. O leão é um tipo especial de animal e reflete um aspecto diferente da psique humana, quando o comparamos aos cavalos fogosos da carta do Carro. Na Mitologia, o leão sempre foi associado com a realeza, mesmo quando está em seu estado mais destrutivo, e esse rei dos animais é, ainda, a imagem de um início infantil, selvagem e totalmente egocêntrico de uma especial individualidade. Portanto, o Leão da Neméia não é totalmente mau e possui uma pele mágica que pode oferecer invencibilidade. Essa invencibilidade está ligada ao sentido de permanência interior que procede de um sólido sentido do "eu". Quando vestimos a pele do leão que conquistamos, as opiniões das outras pessoas - os grandes "Eles" que amedrontam os corações dos tímidos - pouco significam, pois estamos armados com o nosso próprio sentido indestrutível de identidade.

Por mais prometedor que seja o seu potencial, o leão é selvagem e cruel em sua forma animal. Esse lado de uma pessoa descontrolada é o impulso do "eu primeiro" que, sem pensar duas vezes, destrói qualquer um ou qualquer coisa em seu caminho, desde que a sua gratificação seja assegurada. A raiva é uma das manifestações desse impulso - não uma raiva sadia que seria apropriada para a situação, mas explosiva e furiosa quando não conseguimos o nosso intento. O orgulho implacável é outra de suas facetas - não o auto-respeito, mas uma bombástica e inchada auto-importância que pode nos tornar selvagens e rígidos com aqueles dos quais dependemos ou que nos roubam o centro das atenções. De muitas formas, o leão, como a criança irada em nós, exige que o mundo esteja à nossa volta, destruindo cega e aleatoriamente quando isso não acontece. Mas, se esse animal for conquistado, então podemos apropriar-nos de sua pele mágica que, em termos psicológicos, significa integrar o poder vital da besta, fazendo com que sirva a um ego consciente e responsável. Por conseguinte, a conquista do leão não é verdadeiramente uma morte, mas uma espécie de transformação, de maneira que a força e a determinação do animal sejam expressas por um humano, e não por um animal. Aqui está a ambivalência da carta da Força, pois Héracles poderia simplesmente destruir o animal sem que qualquer benefício fosse extraído do massacre. Essa é a faceta negativa de Héracles dentro de nós: o tipo de força que reprime todo instinto sem qualquer transformação, deixando para trás uma concha dentro da qual vive uma alma sem paixão, sem ira e sem uma verdadeira identidade.

No sentido divinatório, quando a carta da Força aparece em uma abertura de cartas, ela implica uma situação na qual um embate com o leão interior é inevitável, sendo necessário o controle da raiva e do orgulho insensato. Coragem, força e autodisciplina são solicitadas para enfrentar a situação. Por meio dessa experiência podemos entrar em contato com o animal, mas também com uma parte nossa que é representada por Héracles, o herói que pode domá-la. Portanto, tendo desenvolvido as faculdades da mente e o sentimento, o Louco agora aprende a lidar com o seu próprio exclusivismo, surgindo desse encontro com confiança em si e integridade para com o próximo.


9- [esperanças & temores] – O Oito de Paus

A carta Oito de Paus retrata a viagem de volta de Jasão após a sua fuga bem-sucedida do irado rei Aetes. Podemos ver o Argo com todas as velas içadas e oito tochas acesas em sua ponte. Acompanhando o navio, golfinhos brincam nas ondas.

O Oito de Paus representa uma liberação de energia criativa depois que as ansiedades e os esforços do Sete de Paus foram superados. O conflito estimula a imaginação e, se tivermos a capacidade de enfrentá-lo e atravessá-lo, sempre haverá um período de trégua quando os nossos planos prosseguem cm direção da meta a passos largos, com um sentimento de leveza e de confiança. Essa liberação de energia somente surge das tensões que estão amainando, como se a confiança resultasse unicamente da superação de obstáculos.

A experiência da liberação de uma nova energia criativa pode ser vista em muitos esportes competitivos nos quais, após um conjunto de dificuldades, há um brusco impulso e o indivíduo ou a equipe se lança para a meta. Também é uma experiência comum para o pintor, o escritor, o ator e o músico - e qualquer artista criativo que atravessou o bloqueio e está "a caminho de casa". A euforia desse estado não surge simplesmente do nada; ela é o preço que pagamos ao enfrentar o desafio da competição e da dúvida, das quais nos levantamos com energia renovada. Isso nos diz algo a respeito de por que precisamos dos conflitos em nossas vidas para poder criar e porque tantos artistas parecem cortejar os conflitos e a competição com outros. Há um misterioso relacionamento entre os trabalhos da imaginação criativa e a presença de um conflito saudável em nossas vidas.

A Mitologia também conta a respeito desse relacionamento, pois o deus Zeus, que preside a história de Jasão, existe em um estado de constante tensão e luta com a sua esposa Hera. Ela, incorporando as leis do matrimónio e da vida doméstica, eternamente o restringe e, ao mesmo tempo, desafia-o a criar. Da mesma forma, nós também precisamos de restrição e de desafios para poder gozar o fluxo excitante da energia que o Oito de Paus retrata por meio da imagem de Jasão e de sua tripulação em seu caminho de volta para casa.

No sentido divinatório, o Oito de Paus anuncia um período de ação depois de um atraso ou de uma luta. Uma viagem pode ser implicada ou um longo trecho de frutífera atividade criativa durante o qual a imaginação flui desimpedida depois que as ansiedades e as tensões foram superadas ou resolvidas.


10- [fechamento da questão] – O Três de Copas

A carta Três de Copas retrata o casamento de Eros e Psique. Em pé, no rochedo cercado de água, Psique está com seu vestido de noiva e seus cabelos enfeitados de flores; ela segura um buque de lírios brancos. Atrás dela, está o noivo que ela ainda não pode ver -Eros, o radiante deus do amor, com seu arco e aljava com flechas douradas. Três ondinas ou ninfas dançam em um círculo ao seu redor, cada qual emergindo da água e segurando uma taça dourada em comemoração do casamento.

Os Três de todos os naipes dos Arcanos Menores representam o estágio de uma conclusão inicial. Uma nova dimensão de vida está por começar, enquanto a primeira parte da jornada foi completada.

Portanto, o Três de Copas é uma carta de comemoração, representando uma experiência de realização emocional e a conclusão da atração inicial. O casal uniu-se e há um sentimento de alegria e de promessas. Mas a história de Eros e Psique conta algo muito importante sobre esse estágio inicial de realização e de conclusão. Psique ainda não viu o seu noivo nem, no mito, questiona a falta de um encontro real. Inicialmente ela se contenta em viver com Eros em uma espécie de estado onírico no qual ele volta para ela na escuridão da noite. Portanto, junto com a alegria e a comemoração desse casamento, paira uma certa ingenuidade. Esse é o estado imediatamente reconhecível de "estar apaixonado", no qual estamos fascinados pela nossa imagem refletida na outra pessoa, mas também é aquele estado em que o verdadeiro parceiro ainda não é visível aos nossos olhos. O encontro inicial é uma experiência alegre, uma comemoração do amor e da vida, um excitante início. Grande parte da literatura e do drama do mundo retrata a felicidade desse mesmo estado.

Mas a mensagem é: aproveite-o enquanto puder. Há muito mais à frente, alegrias e tristezas, antes que a jornada pelo naipe de Copas se complete e que o amor de Eros e Psique surja com todo o seu potencial humano e divino. O Três de Copas é uma iniciação à vida, cheio de promessas. A virgem casa-se e deixa para trás a sua virgindade e a sua inocência. Essa é a carta da transição anunciando outros desenvolvimentos futuros. A jornada ainda não terminou e há muito trabalho à frente.

No sentido divinatório, o Três de Copas sugere a comemoração de um casamento, o início de um caso de amor, o nascimento de uma criança ou alguma outra situação de realização emocional e de promessas. Mas cada uma dessas situações também é um início, uma iniciação para níveis mais profundos de experiências do coração e o prenúncio de explorações futuras.

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