segunda-feira, 2 de abril de 2018

Leitura de 30-3-2018 (última noite de lua crescente)


1- [centro da questão] O Sete de Copas

A carta Sete de Copas retrata a deusa Afrodite instruindo Psique a respeito das tarefas que ela deverá cumprir para poder ficar com Eros novamente. Psique está ajoelhada diante da deusa, reconhecendo a soberania divina em todos os assuntos relativos ao amor. Surgindo da água, Afrodite aponta para as sete taças douradas que flutuam nas nuvens diante dela.

O Sete de Copas representa a dádiva - e o problema - de ser confrontado com muitas possibilidades nos assuntos do coração. Essa é a carta dos "castelos no ar". A intuição percebe todos os tipos de potenciais futuros, mas essas visões de possibilidades devem tornar-se reais e concretas por meio de um grande e árduo trabalho. Psique ergueu-se de seu estado nostálgico retratado pelo Seis de Copas, com um sério compromisso para com o seu amor e, humildemente, ela pede a ajuda de Afrodite, apesar de saber muito bem que a capri¬chosa deusa foi quem iniciou todas as mudanças catastróficas da sorte.

Como resposta, Afrodite garante a futura reunião com Eros e é dessa forma que são invocadas as alegres fantasias da solução do relacionamento. Agora, tudo é possível para Psique. Mas Afrodite exige um preço: trabalho árduo e demorado, esforços cansativos, cuidado e previsão, que podem provocar humilhação e sofrimento. Mas Psique não pode ter Eros de volta sem executar esses trabalhos.

O surgimento de alegres fantasias a respeito de um futuro maravilhoso no qual tudo é possível no amor é o natural desabrochar do comprometimento interior já estabelecido no Seis de Copas. Quando conseguimos uma profunda realização dos nossos sentimentos verdadeiros ou conseguimos uma ligação com uma importante parte de nós mesmos, tal como Psique conseguiu com o seu amor por Eros, o futuro descortina-se para uma rósea visão. "Agora eu sei como tudo isso aconteceu", afirmamos com confiança, porque agora sabemos que as possibilidades são infinitas.

Mas tempo, escolhas certas e trabalho árduo são necessários para que essas possibilidades se transformem em realidade concreta. O relacionamento profundo e honesto que Psique agora almeja promete um futuro feliz. Mas, antes, ela deve aceitar as limitações da realidade: o fato de seu marido ser imaturo demais para aceitar essa honestidade e que ela própria deve aprender a ser paciente, ter fé e perseverança, antes de poder tê-lo de volta.

No sentido divinatório, o Sete de Copas prevê uma situação emocional na qual muitos potenciais são evidentes, mas o indivíduo é confrontado pelo desafio de escolher e agir em termos realistas para que esses potenciais se manifestem.


2- [carta cruzada – o desafio] O Dez de Paus

A carta Dez de Paus retrata Jasão sentado diante dos destroços do navio Argo, totalmente exausto. Ele voltou vitorioso para Iolkos e está com um traje real vermelho e uma coroa dourada; aos seus pés, o Velocino de Ouro. Ele está curvado pelo peso das dez tochas flamejantes, distribuídas em suas costas e seus ombros.

O Dez de Paus retrata um estado de opressão. Jasão cumpriu o que havia planejado fazer, mas, ao final da história, ele é uma figura triste, sobrecarregada e esmagada pelas preocupações, enquanto o navio Argo, uma vez glorioso, o transportador de heróis, está em ruínas e apodrecendo.

A princípio é difícil entender por que essa lenda de visão e de feitos heróicos devesse culminar em uma imagem tão pesada e triste. Mas essa última carta do naipe de Paus revela algo importante a respeito da imaginação criativa: ela pode não funcionar mais quando fica presa sob o peso das responsabilidades materiais.

Essa dura lição ocorre a muitas pessoas que se propõem a iniciar um negócio ou objetivam um sucesso criativo. Com o passar do tempo e com o crescimento e a solidez do empreendimento, o espírito de aventura e o entusiasmo do começo parecem sumir. No processo de atingir a sua meta e recuperar o seu trono, Jasão deixou de valorizar os elementos imprevisíveis, como aqueles que Medeia personifica, e dessa maneira ele "se vendeu", esquecendo-se da ousadia e da de¬senvoltura que primeiro o empurraram para a aventura. O poder volátil da imaginação não se deixa prender às formas pesadas c estruturadas. Frequentemente, o tédio e a depressão acompanham a integralidade de um trabalho criativo, pois, enquanto a tensão do esforço empenhado cm ideias criativas gera mais ideias, suas concretizações finais significam que a imaginação não pode mais se expressar livremente.

Portanto, a imaginação precisa de campos novos e o indivíduo que, como Jasão, se agarra às formas que construiu pode deparar-se com uma certa opressão e exaustão sem razões aparentes. Esse é o momento de abrir mão de alguma defesa e segurança para que a imaginação possa ser despertada com uma nova ideia, uma nova meta e uma nova aventura.

No sentido divinatório, o Dez de Paus sugere que o indivíduo está sobrecarregado e oprimido por ter assumido responsabilidades em demasia e além de sua capacidade de suportar. A imaginação foi sufocada pelas excessivas preocupações materiais e parte daquela jovem ousadia e disposição simplesmente se perdeu. E preciso renunciar a certas coisas para que o processo criativo possa ser renovado e um novo ciclo recomece.


3- [carta de cabeça – influências racionais ou externas] O Ás de Ouros* (carta persistente)

A carta do Ás de Ouros retrata um homem moreno e forte com longos cabelos encaracolados e uma cauda de peixe, emergindo das profundezas do mar e erguendo um grande pentáculo dourado. Ao seu redor, rochedos ricamente recobertos de vinhas com cachos de uva amadurecendo. A distância, um cenário de verdes e férteis colinas rodeando uma baía.

Aqui nos deparamos com o deus Poseidon, o qual encontramos na carta da Torre dos Arcanos Maiores. Poseidon era um dos filhos de Cronos e Réa e participou do destino de seus irmãos e irmãs, sendo engolido pelo pai ao nascer. Mas a bebida que Zeus serviu a Cronos fez com que ele regurgitasse todos os filhos que havia engolido. Após a vitória sobre Cronos, a herança paterna foi dividida em três partes: Zeus tomou posse dos vastos céus; Hades, do sombrio Submundo; e Poseidon, dos mares, lagos, rios e de toda a superfície da Terra, visto que ela era apoiada sobre as suas águas e ele podia fazê-la tremer à vontade. Ele ficou famoso entre os deuses pelo seu anseio por terras e entrava em conflito com muitos deles por tentar apossar-se de ilhas e partes da costa da Grécia.

Poseidon era um deus da fertilidade, marido da grande Mãe-Terra e Senhor do Universo físico. Ele era chamado de "agitador da Terra" e venerado na forma de um touro, um grande animal preto com olhos flamejantes, que vivia nas entranhas da Terra; com suas pisoteadas ele fazia com que as montanhas se movessem e os mares inundassem a Terra. Portanto, Poseidon é uma das forças primitivas da natureza e, no Ás de Ouros, ele mostra o seu poder como o impulso de uma nova energia para a criação material.

Em contraste com o Ás de Paus, que se ergue como o nascimento de uma nova visão criativa, o Ás de Ouros volta a sua imensa potência criativa para a Terra, e essa emergente necessidade de concretizar c criar no mundo manifesto é aquela que dá suporte às nossas ambições materiais. O indivíduo que ambiciona riquezas e faz as coisas acontecerem em nível material experimenta algo do poder desse antigo deus terreno e o Ás de Ouros anuncia a erupção de uma nova ambição para a criação e o sucesso material.

No sentido divinatório, o Ás de Ouros prevê a possibilidade de uma realização material porque, agora, a energia primitiva para esse trabalho está disponível ao indivíduo. Muitas vezes dinheiro vêm na forma de uma herança ou de qualquer outra fonte, acompanhado da engenhosidade e da persistência em utilizar esses recursos efetiva e eficientemente.


4- [carta base da questão – raízes/influências desconhecidas] O Cavaleiro de Copas

A carta do Cavaleiro de Copas retrata um lindo jovem de pele clara, cabelos pretos e olhos profundos, montado em um elegante cavalo branco. Ele traja uma túnica roxa e uma armadura prateada toda escamada, e sobre a cabeça porta um elmo com um enfeite em formato de cauda de peixe. Ele conduz o seu cavalo elegantemente ao longo de um riacho borbulhante no qual os peixes saltam da água. Ao seu redor, um cenário romântico de bosques e colinas verdes e, ao longe, o. mar pode ser visto sob um céu azul-claro. Com a sua mão esquerda, ele segura uma taça dourada.

Na carta do Cavaleiro de Copas, deparamo-nos com a dimensão volátil, sensível e mutável do elemento água que, como o riacho, está cheio de vida e em movimento constante. Essa é a representação do herói mitológico Perseu, motivado em todas as suas aventuras pelo amor às mulheres e que, em suas jornadas, deve enfrentar as várias facetas do feminino, tanto obscuras quanto claras, antes de poder reunir-se com o seu amor. Perseu era filho de Zeus e de uma mulher mortal chamada Danae, para quem o deus apareceu em uma chuva de ouro. O pai de Danae, Acrísio, havia sido avisado pelo oráculo de Delfos que sua filha daria à luz um filho que o mataria. Para que isso fosse evitado, ele encerrou Danae e o filho em uma arca e jogou-os ao mar. Protegidos pelas divindades da água, eles foram levados às margens de Sérifos e para a proteção do rei Polidetes. O rei apaixo-nou-se por Danae e a perseguiu durante todos os anos da infância e adolescência de Perseu. Finalmente, Polidetes resolveu matar Perseu porque o jovem era contrário a seu casamento, acreditando que a sua mãe merecia algo melhor. Portanto, o rei enviou o jovem na aparente missão impossível de trazer-lhe a cabeça da terrível Medusa.

Em todo o seu trajeto, Perseu foi protegido pelas deusas. As Gréias, três bruxas que compartilhavam de um único olho, conheciam os segredos do futuro e disseram-lhe onde encontrar Medusa; Atena armou-o com um escudo mágico e foi dessa maneira que o jovem conseguiu matar a górgona, olhando o seu reflexo no escudo espelhado, a fim de proteger sua mãe. Ele levou consigo a cabeça da Medusa e em seu caminho de volta para Sérifos passou pela Etiópia, onde sal¬vou a linda Andrômeda das garras de um monstro marinho. Ele matou o monstro, libertou-a e casou-se com a jovem. Ele então voltou para Sérifos e matou Polidetes que, entrementes, tentara seduzir Danae. Isso feito, juntamente com sua mãe e sua esposa, Perseu empreendeu o caminho de volta para o lugar de seu nascimento onde Acrísio, o seu avô, tentara matá-lo.

Apesar de não procurar vingar-se dele deliberadamente, ele acabou matando-o acidentalmente, tornando-se, dessa forma, rei de Argos. Mas o lugar era repleto de memórias tristes então decidiu transferir-se para Tirinto, onde fun¬dou uma gloriosa dinastia.

Perseu, o Cavaleiro de Copas, é a imagem do verdadeiro espírito romântico, o herói das mulheres em dificuldades, o adorador do amor, da beleza e da verdade, e o defensor dos altos ideais que busca incessantemente o amor perfeito que somente existe no espírito e que sempre parece estar muito próximo, no ser amado seguinte. O espírito romântico do Cavaleiro de Copas incorpora tudo o que é gentil, idealista e bom; não se trata de uma personalidade fraca, ao contrário, ele é capaz de sacrificar tudo em nome de seu ideal ou do ser amado.

Em certo sentido, essa é a imagem do estado de "estar apaixonado", uma experiência que todo realista presume que, com a familiaridade do casamento, com os filhos e as obrigações familiares, acabe morrendo, mas que todo romântico acredita que possa e deva perdu¬rar para sempre. Quando isso não ocorre, o Cavaleiro de Copas. pode seguir em frente, buscando ainda a derradeira experiência do amor sagrado.

É claro que a santidade do Cavaleiro de Copas não exclui o sexo, mas os relacionamentos sexuais para essa figura devem necessaria¬mente estar associados ao amor e ao êxtase espiritual. A "mera" satisfação física não lhe interessa. Historicamente, os ideais do amor romântico que floresceram na Idade Média refletem o espírito do Cavaleiro de Copas. O jovem cavaleiro sempre adorava a sua amada de longe; ele não a contagiaria com seus desejos carnais, mas lhe escreveria poesias e, muitas vezes, dedicaria a sua vida para protegê-la.

Perseu é diferente dos outros heróis em virtude, justamente, desse alto idealismo e veneração pelas mulheres. Diferentemente das figuras como Héracles que enfrenta seus desafios porque tenta expiar um pecado ou como Teseu que os enfrenta por serem excitantes, Perseu segue o seu destino pelo amor, principalmente começando pelo amor de sua mãe. Essa qualidade de venerar e de idealizar a mãe é característica do Cavaleiro de Copas, pois, apesar de sua força, ele se ajoelha aos pés de uma rainha uma mulher de maior poder do que ele.

Muitas vezes, a qualidade do amor representado pelo Cavaleiro de Copas contém esse elemento de adoração por uma pessoa diante da qual nos sentimos um tanto indignos - ou por uma pessoa que já esteja casada. Esse ainda não é um amor entre iguais, que encontra¬remos mais adiante na Rainha e no Rei de Copas. Mas, à sua manei¬ra, é amor e não deveria ser ridicularizado como adolescente ou ima¬turo. Sem o Cavaleiro de Copas, viveríamos em um mundo insípido e desprovido de brilho.

Quando o Cavaleiro de Copas aparece em uma abertura de cartas, indica que chegou o momento de o indivíduo experimentar essa dimensão inebriante e romântica do amor. Frequentemente, o Cavaleiro prevê uma proposta de casamento ou a experiência de uma paixão. Em outro nível, às vezes ele implica uma proposta artística, um relacionamento diferente, não menos exaltado e idealista. Ele ainda pode entrar na vida de um indivíduo como um jovem poético e sensível, um arauto do nosso próprio romantismo emergente.


5- [influências do passado] A Rainha de Paus

A carta da Rainha de Paus retrata uma linda e radiante mulher de cabelos castanhos, com um vestido amarelo e portando uma coroa dourada. Está sentada em um trono dourado cujos braços são entalhados com cabeças de leão e, aos seus pés, amarrada em uma corrente dourada, encontra-se uma leoa adormecida. Em sua mão, uma tocha flamejante e, ao seu redor, um cenário de ricos campos verdes e dourados sob um céu azul-vivo.

Na carta da Rainha de Paus, deparamo-nos com a dimensão estável, vivificante e fiel do elemento Fogo, que aquece, anima e inspira. Ela incorpora a figura mitológica da rainha Penélope, esposa do famoso Ulisses de Ítaca.

Ao nascer, Penélope foi jogada ao mar por ordem de seu pai, Ícaro, que esperava por um filho. Mas um grupo de patos listrados de vermelho a levaram para a superfície, alimentaram-na e levaram-na à praia. Impressionado com esse feito, Ícaro atenuou a sua decepção percebendo que a sua jovem filha devia possuir um destino especial.

Quando o seu marido Ulisses embarcou para a Guerra de Tróia juntamente com os outros príncipes gregos, Penélope passou a governar a ilha com o seu único filho Telêmaco para ajudá-la. Depois de um bom tempo, presumindo que Ulisses havia morrido, 112 jovens príncipes insolentes das ilhas ao redor de Ítaca começaram a corte¬jar Penélope, cada um esperando casar-se com ela para assumir o trono. Eles até decidiram, entre si, assassinar Telêmaco.

Quando pela primeira vez eles pediram que Penélope escolhesse um deles como marido, ela manteve a sua fé com a sua intuição e coração quanto à segurança de Ulisses e declarou que ele certamente devia estar vivo.

Mais tarde, sendo pressionada, ela prometeu uma decisão assim que terminasse a mortalha que estava preparando para o velho Laerte, o seu sogro. Mas ela levou três anos nessa tarefa, tecendo de dia e desfazendo o seu trabalho à noite, até que um dos pretendentes percebeu o estratagema.

Durante todo esse tempo, os príncipes insolentes ficaram desfrutando e divertindo-se no palácio de Ulisses, consumindo o seu alimento, bebendo o seu vinho e seduzindo as suas serviçais.

Nesse meio tempo, Ulisses chegou a Ítaca depois de dez anos de andanças c viagens, disfarçado de mendigo porque havia sido informado das atividades em seu palácio. Quando o tal "mendigo" ali apareceu, de início Penélope não o reconheceu, mas finalmente ele se revelou, destruiu os pretendentes insolentes e reuniu-se feliz à sua mulher.

Entretanto, alguns negam que Penélope permaneceu fiel a Ulisses durante a sua longa ausência, pois era uma mulher de espíri¬to e imaginativa. Eles a acusam de gerar o deus Pan com Hermes, o Mensageiro, o que pode ou não ser verdade.

Penélope, a Rainha de Paus, é a imagem da fidelidade do coração e a força da imaginação criativa para apoiar os objetivos escolhidos do coração. Em um certo sentido, ela é a representação da esposa fiel, mas essa sua fidelidade não é necessariamente literal e algumas versões do mito questionam essa técnica lealdade sexual. A fidelidade de Penélope surge em um nível muito mais profundo.

Durante a longa ausência de seu marido, ela não tinha como saber se ele estava vivo ou morto e, às vezes, seria obviamente mais conveniente escolher outro marido e seguir em frente com a sua vida. Mas, intuitivamente, ela sabe que Ulisses voltará e é essa qualidade de fé e uma lealdade que não surgem da moralidade forçada, mas de uma convicção inte¬rior de que, ao final, tudo dará certo, que tornam Penélope uma figu¬ra tão apropriada para ilustrar a Rainha de Paus.

Mas ela também é contida e estável, pois o seu fogo está controlado e torna-se o calor do aconchego, um centro ao qual muitos são atraídos - tal como os 112 pretendentes atraídos não somente pelo trono, mas também pela mulher.

A Rainha de Paus não sai correndo atrás de arco-íris ou tenta voar para o Monte Olimpo - ideias mais típicas do Cavaleiro. Ela armazena a sua grande força e energia interiormente e as dedica às poucas coisas que conquistaram o seu coração. De alguma forma, a Rainha de Paus é uma imagem antiga daquela figura de "supermulher" que tantas mulheres modernas gostariam de ser: a mulher que é capaz de amar e de ser fiel em um relacionamento, mas que também possui a força, a ingenuidade, a criatividade e a energia incansável para reger o seu próprio mundo pelo seu próprio direito, sem precisar de um ombro forte sobre o qual se apoiar nem tampouco do rótulo socialmente aceito de "esposa" para que se torne autoconfiante.

No sentido divinatório, quando a Rainha de Paus aparece em uma abertura de cartas, ela anuncia o momento de o indivíduo começar a desenvolver essas qualidades de aconchego, de constância, de fide¬lidade e do sustento criativo de uma visão que Penélope tão propria¬mente simboliza. A Rainha de Paus pode entrar em nossa vida como essa mesma mulher, imaginativa, atraente, aconchegante e fiel. Não é mero acaso se essa pessoa aparecer em nossa esfera de relacio¬namentos; ao contrário, trata-se de um prenúncio de que o indivíduo está para encontrar esses atributos dentro dele mesmo.


6- [influências do futuro] O Imperador

A carta do Imperador retrata um homem maduro, de ombros e peito amplos e musculosos. Seus belos e compridos cabelos e barba são castanho-avermelhados e seus olhos azul-claros como o céu. Ele nos confronta sentado em um trono dourado no topo de uma montanha. Sua veste é de cor púrpura bordada a ouro e, em sua cabeça, uma coroa dourada. Com sua mão direita, ele segura três raios, e, com a esquerda, o globo do mundo. Uma águia está pousada sobre o seu ombro. Atrás dele, estende-se um acúmulo de picos nevados.

Aqui encontramos o grande Zeus, rei dos deuses, que os gregos chamavam de Pai de Todos, criador do mundo e soberano dos deuses e dos homens. Na Mitologia, Zeus era o filho mais jovem dos Titãs Cronos e Réa. Uma profecia havia sido revelada a Cronos de que, um dia, um de seus filhos o destronaria e ocuparia o seu lugar. Para se salvaguardar, ele decidiu destruir os seus filhos e, durante cinco anos seguidos, à medida que Réa dava à luz os seus filhos e filhas, Cronos os arrancava de seus braços e os engolia antes que abrissem os olhos.

É claro que isso não agradava Réa que, quando soube que um sexto filho estava para nascer, fugiu secretamente para Arcádia e, em uma gruta, deu à luz Zeus. Então, ela envolveu uma grande pedra em faixas e apresentou-a a Cronos como seu filho. Ele imediata¬mente a engoliu. Com o tempo, Zeus cresceu e apresentou-se a Cro¬nos disfarçado de copeiro. Ele preparou uma poção para o seu pai a qual o enjoou tão violentamente que vomitou as cinco crianças ilesas, as quais havia engolido, assim como a pedra que Réa lhe havia levado no lugar de Zeus. Zeus então levou seus irmãos e irmãs a uma rebelião contra Cronos e, destronando-o, inaugurou um novo reinado.

O novo rei dos deuses fez do Monte Olimpo a sua morada e estabeleceu uma hierarquia de deuses que obedeciam à sua lei su¬prema. Seus símbolos de poder eram o trovão e o raio. Seu espírito volátil, fogoso e dissoluto expressou-se não somente nas tempesta¬des elétricas, mas também nas muitas amantes que ele perseguiu e nos muitos filhos que gerou. Entre eles estava Atena (deusa da justi¬ça), Diké (deusa da lei natural), as três Moiras ou Parcas (deusas do destino) e as nove Musas (que presidem as artes liberais). Sua espo¬sa, Hera, deusa do casamento e dos nascimentos, reinava como a sua consorte. Zeus concedia o bem e o mal de acordo com as leis que ele mesmo estabelecia. Ele também era deus dos lares e da amizade, e o protetor de todos os homens.

No sentido interior, Zeus, o Imperador, é a imagem da experiência da paternidade. É o pai que encarna os nossos ideais espirituais, os nossos códigos éticos, a auto-suficiência com a qual sobrevivemos no mundo, a autoridade e a ambição que nos levam às realizações, a disciplina e a presciência necessárias para alcançar as nossas metas. Esse princípio masculino, tanto nos homens quanto nas mulheres, difere da nutrição e do amor incondicional da mãe com os quais nos deparamos na carta da Imperatriz.

Aqui, o mais alto valor é concedido ao espírito e não ao corpo, e o que é exigido de nós é a ação, em vez do fluir intuitivo com a natureza. O nosso pai interior também promove o auto-respeito porque é essa nossa parte que pode assumir uma posição da qual é possível enfrentar os desafios da vida.

Zeus podia ter compaixão e defender os fracos e os pobres, mas também podia mostrar a sua ira e a sua vingança caso a sua autoridade fosse contestada e suas leis fossem violadas. Dessa forma, Zeus, o Imperador, tem o seu lado sombrio expresso, em nível interior, pela rigidez e pela implacável retidão. Estar em relacionamento com o pai interior significa possuir um sentido de autopoder, a capacidade de implementar ideias e concretizá-las no mundo. Ser dominado pelo pai interior significa estar preso a um conjunto de crenças que esmaga todos os sentimentos humanos com sua inflexibilidade e arrogância.

Então, tal como o próprio Zeus, devemos derrocar o antigo regime, inaugurando uma nova lei mais criativa para não nos tornarmos tiranos fúteis ou para não sermos envolvidos pelo feitiço de um tirano do mundo externo. Ao descobrir o mundo rico e fecundo das necessidades e dos prazeres do corpo, o Louco, agora, deve encontrar os princípios éticos que devem reger a vida, pois sem o Imperador somos meros joguetes guiados interna e externamente pelo instinto cego, culpando outras pessoas e a sociedade por nossos problemas, em razão do fato de não podermos encontrar a experiência interior da força representada pelo pai.

No sentido divinatório, Zeus, o Imperador, prevê um confronto com relação à questão do princípio do pai em sua forma tanto positiva quanto negativa. Somos desafiados a manifestarmos para concretizar uma ideia criativa, para construir no mundo, talvez para estabelecer um negócio ou a estrutura de um lar familiar. Devemos assumir uma posição para nos tornarmos efetivos e poderosos, para expressarmos as nossas ideias e ética.

Também devemos considerar o momento em que o jovem rei se torna o rígido e opressivo tirano, e quando as nossas ideologias interferem na vida e no desenvolvimento. Quando o Louco encontra o Imperador, após a sua permanência temporária no mundo dos instintos, ele aprende a enfrentar a vida sozinho, com seus próprios recursos e de acordo com a ética que deve desenvolver para si. Ele, então, pode progredir em sua jornada com a certeza de ser efetivo na vida, porque acredita em algo maior cuja autoridade ele mesmo incorpora.


7- [posição atual – atitude e autoimagem] O Quatro de Paus

A carta Quatro de Paus retrata Jasão e seus companheiros de viagem comemorando o fim da construção do grande navio Argo que os levará para a Cólquida em busca do Velocino de Ouro. O navio, com suas velas vermelhas e ostentando o emblema de um clarão de Sol dourado, aguarda a subida da maré. Ao redor da figura de Jasão, que veste uma túnica vermelha, estão cinco de seus heróicos companheiros: Héracles (com o qual nos deparamos na carta da Força dos Arcanos Maiores), portando a sua pele de leão e segurando uma tocha flamejante; Teseu, rei de Atenas (que encontraremos mais adiante na carta do Rei de Paus dos Arcanos Menores), com uma coroa dourada, vestido de vermelho-carmesim e segurando uma tocha flamejante; Castor e Pólux, os Gémeos Guerreiros (que encontraremos mais adiante na carta do Cavaleiro de Espadas), ambos portando uma armadura prateada e uma tocha flamejante; e Orfeu, o Cantor (com o qual nos deparamos na carta do Rei de Copas), trajando uma túnica azul e segurando a sua lira.

O Quatro de Paus é a carta da colheita e da recompensa. O desafio de uma nova ideia criativa foi enfrentado, muito trabalho foi feito e agora o indivíduo pode colher a sólida recompensa consegui¬da por meio do esforço. Da mesma forma que o Três de Paus, essa carta implica algo que merece ser comemorado; mas, diferentemen¬te do Três de Paus, ela possui uma base mais sólida e os benefícios já são evidentes.

O desafio de conquistar o Velocino de Ouro é assom¬broso; como pode um homem sozinho navegar aos confins do mundo e com que meios? Jasão correspondeu a esse desafio cercando-se dos amigos para ajudá-lo a alcançar os seus objetivos. Todos esses heróis da Mitologia têm habilidades diferentes, de acordo com suas naturezas. Héracles tem a força; Teseu, um fogoso aventureiro como Jasão, a visão criativa; os Gémeos, a mente afiada; e Orfeu, o sentimento profundo e a empatia para desarmar qualquer inimi¬go. Se considerarmos todos esses amigos como pessoas reais cujo apoio podemos angariar ou como recursos interiores dos quais pode¬mos usufruir nesse estágio do processo de trabalho criativo, a ajuda está disponível e poderá permitir o alcance dos nossos objetivos. Com essa tripulação heróica e esse navio esplêndido, a satisfação de Jasão está garantida.

No sentido divinatório, o Quatro de Paus prevê um período de recompensa pelos esforços empreendidos. Uma nova ideia produziu frutos prematuros e o indivíduo tem todo o direito de comemorar os resultados concretos de seus esforços. Mas esse é tão somente um estágio da jornada e logo o navio deverá zarpar para enfrentar os maiores desafios antes de atingir a meta final.


8- [ambiente – como os outros te veem] O Julgamento

A carta do Julgamento retrata um jovem de cabelos pretos encaracolados, trajando uma túnica branca e um manto de viagem vermelho. Em sua cabeça, um elmo alado e, em seus pés, sandálias aladas. Em sua mão direita, ele segura o caduceu, a vara mágica entrelaçada por duas cobras. Aos seus lados e apenas visíveis, duas colunas, uma branca e outra preta. As escadas em que se encontra ascendem para uma porta pela qual é possível entrever um cenário verde no qual o Sol está apenas surgindo. Diante dele estão vários caixões gravados dos quais os mortos se levantam, estendendo-lhe seus braços e desfazendo-se de suas mortalhas.

Aqui, à medida que nos aproximamos do fim do ciclo dos Arcanos Maiores, deparamo-nos com o deus com o qual nos encontramos no início - Hermes, o Psicopompo, Condutor de Almas. Na carta do Mago, Hermes aparece como o guia interior do Louco no início de sua jorna¬da da vida - trapaceiro, protetor dos viajantes perdidos e mago, o qual pode indicar o caminho por meio das misteriosas intuições que, na Mitologia, diziam que o deus dispensava.

Agora, ele é revelado como uma divindade poderosa do Submundo, emissário de Hades, que convoca gentil e eloquentemente os moribundos aplicando a sua vara dourada sobre seus olhos. Mas Hermes também podia convocar as almas dos mortos de volta à vida, como também introduzi-las no do¬mínio de Hades.

Na Mitologia, quando Tântalo, o rei da Lídia, cortou o seu filho em pedaços para servi-los aos deuses, Hermes reuniu-os, devolvendo a vida ao jovem. Como arauto dos deuses, Hermes também libertava heróis, como Teseu, que entravam no reino de Hades ilicitamente e ali ficavam presos. Ele também guiou Orfeu nesse reino obscuro à procura de sua esposa Eurídice e o guiou novamente para fora quando esse a perdeu pela segunda vez. Dessa forma, o Hermes da carta do Julgamento não é somente o guia, mas também aquele que convoca e leva as almas para o seu juízo, preparando-as para uma nova vida.

No sentido interior, Hermes, o Psicopompo, é a imagem de um processo que ocorre em certos momentos críticos da vida, como, por exemplo, um exame de consciência, quando as experiências do pas¬sado são reunidas e consideradas como parte de um padrão inteligente e cujas consequências devem ser compreendidas e aceitas. Esse processo não é uma função intelectual, mas uma ideia do que é engendrado no Submundo da inconsciência. É uma chamada para os mortos se erguerem, para que as muitas e variadas ações e decisões que executamos sejam reunidas a fim de produzir um resultado. O artista passa por esse processo quando, depois de muitas horas, semanas ou até anos, na tentativa de formular, pesquisar, praticar uma técnica e dar forma a uma vaga ideia ou imagem, finalmente algo "acontece" e uma nova obra criativa vem à luz.

Esse mesmo processo pode ser visto na psicoterapia, em que um indivíduo luta, durante um longo tempo, com as memórias e sentimentos desconectados do passado e do presente, preso e bloqueado, e, de repente, há uma coesão e o seu padrão de vida finalmente faz sentido. Esse processo pode ocorrer em qualquer plano de vida no qual nos debatemos e lutamos cegamente diante de uma situação para repentinamente o esforço ser recompensado, surgindo uma síntese e um novo desenvolvimento.

Assim é Hermes no máximo de seu poder mágico, revelado como o verdadeiro senhor de toda a jornada do Louco, juntando por meio de um misterioso processo de intuição as experiências e as percepções angariadas em cada estágio da jornada e, magicamente, mesclando-as para formar o início de uma nova e mais ampla personalidade.

Portanto, a figura de Hermes conduzindo as almas para o julgamento representa um processo de nascimento, que levará a uma personalidade mais completa que, de maneira irracional, provém das experiências combinadas do passado, entremeadas pelo discernimento e pelo sentido de que, na realidade, eventos e opções aparentemente aleatórios estão secretamente ligados.

O juiz dos mortos decide qual futuro merecem os esforços passados e é nesses esforços das cartas passadas que o futuro do Louco é edificado. A carta do Julgamento simboliza a recompensa dos esforços empenhados, apesar de o juiz estar em nosso interior e não no mundo exterior. Também pagamos por nossos erros de inconsciência e colhemos os frutos da recusa em assumir a responsabilidade de nossas próprias escolhas em cada estágio da jornada.

O Julgamento não é somente a imagem de um novo começo, mas é o início que emerge do passado. Na filosofia oriental, isso é chamado de carma. Cada pessoa semeia o seu próprio campo e deverá colher o que foi produzido de seu plantio. Apesar de frequentemente ser considerado trapaceiro e mentiroso, na função de Psicopompo, Hermes não permite que a alma minta. Tudo deve ser computado c o Louco encontra finalmente as consequências de todas as escolhas que fez na vida.

No sentido divinatório, quando o Julgamento aparece em uma abertura de cartas, ele prevê um tempo de recompensa por esforços passados. Esse é o período da síntese, da realização do que fizemos e onde nós mesmos criamos o futuro que agora nos aguarda. Trata-se de uma carta ambígua, pois também pode implicar um confronto incómodo com nossas fugas e traições. Nem sempre a recompensa é agradável. Agora, o Louco deve responder por sua jornada, pois chegou o tempo da colheita e tanto os erros quanto os esforços criativos do passado são reunidos para formar o futuro.

Independentemente do que acontece ao indivíduo em termos de experiências, a carta do Julgamento anuncia o fim de um capítulo da vida. Mas, diferentemente da carta da Morte, ela não implica o luto. Ao contrário, é a clara percepção de quanto fomos autênticos com relação a nós mesmos.


9- [esperanças e temores] O Nove de Copas* (Foi a carta 10 no jogo anterior)

A carta Nove de Copas retrata o momento de felicidade quando Psique é resgatada do Submundo e reunida a Eros. Em um rochedo cercado pelo mar, Psique e Eros portam guirlandas de flores e se confrontam de braços dados. Ao lado, Afrodite olha bondosa¬mente para os dois, levantando uma taça e abençoando essa união. Abaixo deles, seis taças douradas estão cuidadosamente arrumadas em comemoração à reunião dos amantes.

O Nove de Copas é a carta do desejo que representa a satisfação e a realização de um sonho emocional. Psique e Eros estão final¬mente reunidos no mútuo amor honesto. Cada um, à sua maneira, traiu o outro e sabe em nível profundo quem é o parceiro; e compreenderam e perdoaram-se mutuamente. É por isso que Afrodite abençoa a união, pois o poder do amor incondicional humano pode afetar até os deuses. Esse momento extático de realização, diferentemente da comemoração inicial do Três de Copas, foi realmente merecido, não pela força, pela vontade ou pela manipulação emocional, ou ainda pela proclamação exagerada do auto-sacrifício, mas pelo seguro comprometimento interior assumido pelo único ser humano da história. Tudo o que Psique fez e realizou foi em fidelidade ao seu próprio sentimento. E, dessa forma, ela adquiriu o direito de reivindicar o seu marido divino, fazendo com que até os deuses se envergonhassem.

Esse segundo encontro é o autêntico casamento de Eros e Psique, sugerindo o que essa união pode vir a ser, pois ela não surge do simples estado de "estar apaixonado", mas do comprometimento tanto ao amor quanto ao ressentimento, à traição, à separação, ao desespero e à possibilidade da desistência, se for necessária. Isso é raro, pois a jornada de Copas não diz respeito a "estar apaixonado e viver feliz para sempre", para logo se separar quando o amado decepciona. Na realidade, trata-se de uma jornada interior ao encontro de um compromisso com os nossos próprios valores de sentimento e, portanto, é uma união tanto interior quanto exterior.

No sentido divinatório, o Nove de Copas anuncia um período de prazer e de satisfação, e a realização de um desejo almejado. Ele representa a recompensa pelos esforços empregados e a validação do nosso comprometimento.


10- [resultado final] O Dez de Ouros

A carta do Dez de Ouros retrata Dédalo como um homem velho, com cabelos grisalhos. Ele está confortavelmente sentado com os netos ao seu redor: o patriarca e fundador de uma linhagem. Aos seus lados, pendurados em colunas recobertas de vinhas, dez pentáculos dourados, cinco de cada lado. Em seu colo, uma criança brincando com um chocalho dourado. À sua esquerda, encontra-se uma mulher com cerca de 30 anos, vestida de verde e portando um lindo colar dourado. Aos seus pés, um garoto de 10 anos brinca com um cavalo dourado. Em um cenário distante, ricas montanhas verdejantes e um calmo mar azul.

O Dez de Ouros retrata uma situação de permanência que sobrevive à vida de um único indivíduo. Aqui, seguro em sua posição na corte do rei Cocalos da Sicília, o artesão finalmente depositou as suas raízes e fundou uma dinastia. Agora, ele pode transferir e passar adiante tanto a sua fortuna e seu poder quanto as suas realizações ao chegar o momento de sua despedida definitiva, seguro em seu conhecimento de que o seu trabalho lhe sobreviverá.

Os objetos dourados que ele fabricou, o chocalho, o colar e o cavalo de brinquedo, são os seus presentes ao futuro, para que o processo de manifestação, representado em todas as cartas do naipe de Ouros, consiga a sua conclusão natural, em uma imagem de permanência que forma a contribuição individual das gerações futuras.

De certa forma, este é o significado mais profundo do processo da manifestação de ideias criativas, pois toda a vida individual é transitória e nenhum ser humano vive para sempre. No entanto, o sentido de profunda satisfação e de realização pode ser alcançado pela realização de que podemos construir alguma coisa duradoura para o mundo futuro.

Para o naipe de Paus, a imortalidade está na imaginação e para o naipe de Espadas, está no poder divino da mente; para o naipe de Copas, ela está na experiência do amor que toca o transpessoal. Mas, para o naipe de Ouros, somente o que está aqui é real e é esse sentimento de o indivíduo ter deixado uma marca e que a passagem pela vida não foi um simples pestanejar insignificante que logo desaparece, que muitas vezes forma o núcleo do que chamamos de ambição material.

Por conseguinte, a aparente ambição e o materialismo associados com esforços materiais, vêm de uma necessidade humana de oferecer uma parte de si mesmo à vida como indicador permanente de nossa passagem por ela.

Uma vida plena como foi a de Dédalo, com suas boas e más ações e uma disposição para enfrentar os desafios independentemente das consequências em vez de ficar morgando pacificamente na cama, pode levar à experiência de ter plenamente realizado um destino, deixando alguma coisa para ser passada às gerações futuras.

No sentido divinatório, o Dez de Ouros sugere um período de contínuo contentamento e segurança. O sentido de algo permanente foi estabelecido e pode ser transferido a outras pessoas. Isso pode se referir a uma herança material de riquezas ou de propriedades, ou pode ser na forma de uma realização artística, como um livro ou uma pintura que sobreviverá e apresentará o seu valor, independentemente do nosso próprio tempo de vida.

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